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Multas aplicadas por desmatamento na região de Cascavel no 1º trimestre de 2023 já ultrapassam soma dos três últimos anos, segundo dados do IAT

Por Giuliano Saito


Em 2023 valor já ultrapassou os R$ 4,7 milhões. Entre 2020 e 2022, valor total foi de pouco mais de R$ 4,3 milhões. Tecnologia auxilia na fiscalização. Especialistas falam sobre importância da Mata Atlântica. Região de Cascavel lidera ranking de multas por desmatamento em 2023 O Instituto Água e Terra (IAT) aplicou em 2023 mais de R$ 25 milhões em multas por desmatamento no Paraná. A região com maior registro é a de Cascavel, no oeste do Paraná, onde mais de R$ 4,7 milhões foram aplicados. Veja dados de outras regiões mais abaixo nesta reportagem. De janeiro a março, 45 áreas de desmatamento foram identificadas na região. Foram 490 hectares derrubados. O valor é bastante expressivo se comparado com o período entre 2020 e 2022. Durante os três anos, o valor aplicado somado na região foi de cerca de R$ 4,3 milhões, número menor ao registrado apenas neste ano na regional Cascavel. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Tecnologia auxilia na fiscalização Conforme o IAT, o aumento expressivo é explicado em parte devido ao uso de novos tecnologias, como imagens de satélite, que têm sido fundamentais para identificar o desmatamento ilegal. Um dos parceiros é Mapbiomas - iniciativa do Observatório do Clima - que desde 2019 faz a leitura e análise de dados de satélites para identificar pontos de desmatamento no Paraná. Multas aplicadas por desmatamento na região de Cascavel no 1º trimestre de 2023 já ultrapassam soma dos três últimos anos Reprodução Fazem parte dessa organização, ONGs, universidades, instituições que ajudam os governos e institutos ambientais para apurar as causas e pontos críticos e punir quem pratica crimes. O coordenador técnico da instituição Marcos Reis Rosa explicou como funciona o serviço. "Existe uma primeira etapa que o Brasil sempre foi líder, que é identificar áreas de desmatamento. Têm imagens de media resolução. O Mapbiomas pega todas essas fontes que identifica e compra imagens de alta resolução para comprovar o desmatamento. [..] publica laudos públicos abertos para toda a sociedade poder verificar esses desmatamentos," explicou Rosa. Depois que a inteligência artificial identifica um possível ponto de desmatamento, comparando imagens em um intervalo de tempo, uma equipe analisa esses dados e um alerta é emitido a órgãos ambientais. Sobrevoo pelas áreas Os dados ficam disponíveis, por exemplo para órgãos como o Ibama e o IAT. Quando a irregularidade fica evidente, começa a segunda etapa de fiscalização, que também é feita do alto. De helicóptero o IAT vai até os pontos apontados pelos alertas, para ver mais de perto se a suspeita de desmatamento se confirma. Com a aeronave, é possível chegar mais perto das propriedades, registrar com fotos e vídeos, as evidências de que o desmatamento ocorreu. Multas aplicadas pelo IAT nos últimos 16 anos somam mais de R$1,1 bi; cerca de 10% foram pagas A fiscalização é feita pelo IAT em todas as regiões do estado. São mais de 500 pessoas envolvidas na análise de dados e pesquisa de campo. A engenheira do IAT Aline Heberle falou sobre os benefícios do uso da tecnologia para as fiscalizações. Ela destacou a agilidade proporcionada pelos equipamentos nas fiscalizações. "A tecnologia tanto da plataforma e a facilidade da aeronave agiliza todo o processo. [...] As vezes o produtor rural desmata uma área de dentro da mata. Deixa como se fosse uma casca. Para chegar lá no meio onde ocorreu o dano a aeronave leva 20 minutos, chega ao local, faz o levantamento e tem uma real dimensão do dano que tem ali", explicou Heberle. Importância da Mata Atlântica Depois que a multa é aplicada, a área em questão é embargada e o reflorestamento é obrigatório. Ele pode ser feito naturalmente, apenas com o encerramento do ciclo de derrubada, ou com o plantio de novas mudas. Apesar das multas, o prejuízo da derrubada da mata, não pode ser medido em valores. É por isso que a luta contra o desmatamento não para, segundo o coordenador do Mapbiomas, Marcos Reis. "Foi aumentado muito a fiscalização nas regiões de Mata Atlântica. Mata Atlântica não pode mais ser desmatada. [...] é um dos mais diversos em termos de fauna e flora. Tem muita função ambiental", afirmou Rosa sobre a Mata Atlântica. A chefe do IAT em Cascavel, Marlise Cruz, falou sobre a importância das florestas para as cidades. "A maioria das pessoas não sabe o que significa uma arvore. Cada 100 litros (de chuva) que caem em uma árvore abastecem um litro do lençol freático. Sem contar que a fotossíntese absorve o dióxido de carbono", explicou. "Isso as crianças aprendem na sala. Corta uma árvore, corta uma fábrica de oxigênio. Ela funciona como uma cortina, região com árvores funciona como cortina de proteção nas cidade. Cidadão quando corta, está ceifando quase que uma vida", finalizou. Dados por regional A região de Cascavel lidera em valores de multas no primeiro trimestre, seguido das regionais de União da Vitória, Guarapuva, Jacarezinho e Curitiba. Veja números a seguir: União da Vitória - R$ 3.884.250 Guarapuava - R$ 3.331.100 Jacarezinho - R$ 2.666.500 Curitiba - R$ 2.582.150 LEIA TAMBÉM: Nascidas em cativeiro, jacutingas viajam de Foz do Iguaçu a São Paulo para serem soltas na Mata Atlântica Paraná oficializa repasse de rodovias estaduais ao governo federal nesta quarta (3), diz Ratinho Junior VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.