Moradores de Curitiba convivem com insegurança e poder público busca soluções
Crescimento de casos de violência no município, com roubos, furtos e sequestros assusta a população, que pede por ações efetivas para frear atuação de criminosos
Por Da Redação

Os moradores de Curitiba têm convivido com a insegurança. O aumento da criminalidade na cidade é uma preocupação crescente e, além de assustar, traz riscos a toda a população. Nos últimos meses, casos graves de repercussão nacional foram registrados na cidade e também na região metropolitana da capital paranaense, sendo apenas exemplos do que a população enfrenta diariamente.
Um dos casos que demonstram toda essa insegurança diz respeito a sequestros registrados em estacionamentos de supermercados. Em 10 dias, duas mulheres foram vítimas de sequestros-relâmpago na capital do estado. Os casos aconteceram no mesmo bairro da capital paranaense, o Bigorrilho. Em ambos, criminosos abordaram as vítimas armados.
Na segunda situação, registrada no dia 10, a mulher ficou cerca de quatro horas com o criminoso, que exigia que ela retirasse dinheiro de um caixa eletrônico utilizando seus dados bancários. Ao todo, a vítima teve um prejuízo aproximado de R$ 6 mil, incluindo dinheiro, joias e outros pertences levados pelo criminoso.
Nesse caso, o crime foi registrado na saída do estacionamento de um supermercado da rede Muffato, que se manifestou solidarizando-se com a vítima. "Assim que fomos informados sobre a ocorrência, contribuímos com a investigação, cooperando com a polícia e reforçando a segurança interna", disse a rede em comunicado.
Já o primeiro caso foi registrado no dia 28 de fevereiro, no supermercado Festval, onde a vítima foi rendida e esteve em poder do criminoso por três horas. O suspeito teria tentado realizar transações bancárias utilizando o celular da vítima, tendo levado ainda joias e o aparelho telefônico.
Em nota, o supermercado afirmou que tem reforçado a segurança nos estacionamentos da rede e ressaltou a importância de cuidados pessoais por parte dos clientes.
Na tarde de terça-feira (18), após uma longa investigação, o suspeito foi preso em flagrante após ter sequestrado uma terceira vítima. Ele foi encontrado dentro do veículo da vítima no bairro Prado Velho, quando ainda a mantinha sob seu poder. No momento da abordagem, ele portava um simulacro de pistola.
O modo de ação era sempre o mesmo: abordava as vítimas enquanto elas estavam chegando ao carro, no estacionamento do mercado, e as mantinha sob restrição de liberdade enquanto realizava os roubos.
Esses problemas recorrentes na capital do estado demandam instrumentos eficazes para a contenção da onda de violência. O assunto, inclusive, foi destaque na eleição municipal realizada em 2024, quando praticamente todos os candidatos apresentaram um grande leque de propostas para solucionar a situação em Curitiba.
Uma das principais necessidades é o aperfeiçoamento e a adaptação de uma política de segurança pública no município. Um dos principais instrumentos para isso é a Guarda Municipal, que, mesmo eficiente, demanda investimentos para uma atuação mais abrangente.
A segurança pública não depende apenas da gestão municipal, mas também da gestão estadual, que é a grande responsável pelas principais forças de segurança no estado: as polícias Militar e Civil, que exercem papel fundamental na contenção dos problemas. Com menos recursos e ferramentas que o estado, o município precisa lidar diariamente com o problema, mas também depende de uma atuação conjunta do poder estadual.
Durante o processo eleitoral, a população curitibana, de forma justificada, elegeu a área da segurança pública como o problema mais grave enfrentado na cidade. Os dados da pesquisa Quaest indicaram que a segurança foi a prioridade para 34% dos eleitores.
O levantamento entrevistou 900 pessoas em Curitiba entre os dias 24 e 26 de agosto. Além de informarem em quem votariam na eleição de outubro, os eleitores responderam à pergunta: "Qual é o problema mais grave que a cidade enfrenta hoje?" A lista foi liderada pela segurança, seguida pela área da saúde.
Na época, em seu plano de governo, o prefeito Eduardo Pimentel elencou como uma das principais propostas a readequação do programa de rondas ostensivas na cidade, para que houvesse uma integração entre a Romu (Ronda Ostensiva Municipal) e a RIT (Rede Integrada de Transporte), visando evitar e coibir a criminalidade tanto nas ruas da cidade quanto no transporte coletivo.
Também foi pontuada a necessidade de integrar todas as medidas de segurança utilizando tecnologia, criando uma rede de inteligência para diminuir a criminalidade e aumentar a qualidade dos serviços prestados pela segurança municipal.
Apesar dessas medidas, os índices de criminalidade do município seguem crescendo. Em busca de novas soluções, a prefeitura tem adotado algumas ações. Neste mês, por exemplo, foi inaugurado na Praça Oswaldo Cruz um novo módulo da Guarda Municipal. O antigo espaço, que pertencia à Polícia Militar, foi cedido à Prefeitura de Curitiba, totalmente reformado e agora será uma unidade de atendimento da GM que funcionará 24 horas por dia, reforçando a segurança e proporcionando mais tranquilidade aos frequentadores da praça e região.
A cidade também deve ganhar, nos próximos meses, um Conselho Municipal de Políticas Públicas e Segurança (Concep), que reunirá representantes da sociedade civil e da Prefeitura para definir e controlar as ações do setor. Após sua implementação, o Conselho terá a função de propor, assessorar e orientar a formulação de políticas públicas de segurança e defesa social para Curitiba.
A cidade também tem tido operações recorrentes, como a Operação Integrada Centro Seguro, com o reforço do policiamento e trabalho conjunto das polícias Militar, Civil e Guarda Municipal. A ação está inserida no pacote de medidas do Plano Redesenvolvimento da Região Central de Curitiba, e a ideia da operação, que não tem data de encerramento, é combater o tráfico e identificar criminosos no Centro.
“Temos uma grande missão que é o Centro Seguro. Nessa área, vamos atuar em duas grandes frentes, identificar os criminosos que atuam na região central, aproveitando-se da vulnerabilidade das pessoas em situação de rua, e intensificar o acolhimento daqueles que, por dependência química ou questões de saúde mental, estão nessa condição”, afirmou o prefeito Eduardo Pimentel.
O secretário de Segurança Pública, Hudson Teixeira, também reforçou o compromisso com a segurança. “Vamos atuar no restabelecimento da ordem e no fortalecimento da segurança no Centro”, disse.
