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Mensagens de mulher morta na frente dos filhos em Curitiba mostram medo que ela tinha do ex: 'Ele vai fazer algo pra mim'

Por Giuliano Saito


Suellen Rodrigues, de 29 anos, tinha medida protetiva contra o autor, o advogado e ex-policial Jaminus Quedaros. Ele se entregou à polícia quatro dias após o crime, nesta quinta (3). Áudio enviado por mulher antes de ser morta pelo ex mostra que ela temia pela própria vida Mensagens de áudio e texto enviadas por Suellen Rodrigues antes de ser morta pelo ex-marido em Curitiba revelam o medo que ela tinha de Jaminus Quedaros de Aquino, advogado criminalista e ex-policial civil. O material foi obtido pela RPC. Ouça acima. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Suellen foi assassinada com pelo menos cinco tiros na frente dos filhos na segunda-feira (31), quando deixava as crianças na escola para o primeiro dia de aula. Ela tinha uma medida protetiva contra o ex, e um mandado de prisão tinha sido expedido contra Jaminus seis dias antes do crime, mas não chegou a ser cumprido. Entenda abaixo. Com medo de morrer, de acordo com a polícia, Suellen fugiu com os filhos de Prudentópolis, na região central, para Curitiba. Em um áudio, Suellen relatou, chorando, uma briga entre os dois. Na ocasião ela já tinha medida protetiva e denúncias contra Jaminus. "Doutora do céu, você precisava ver a cara dele, o jeito que ele estava dentro do carro. Sabe? Eu tenho muito medo dele. Tomara que eles cheguem logo [polícia], que eles passem logo aqui. E o pior que eu nem vou acordar minha vó ali, coitada, porque já tem pressão alta, né? Então eu to aqui no escuro, apaguei tudo as luzes, as crianças né, e to esperando aqui. Tomara que eles cheguem logo, que passem logo por aqui", disse a vítima. De acordo com o advogado da família de Suellen, Jackson William Bahls Rodrigues, no áudio a vítima relatava a uma advogada o descumprimento de uma medida protetiva por parte de Jaminus. Em outra mensagem, Suellen disse que o suspeito não deixava ela "em paz". "Ele tá muito transtornado, ele vai fazer algo pra mim, eu sinto isso". Suellen Rodrigues tinha 29 anos Divulgação Entenda o caso: Mulher é morta a tiros pelo ex-companheiro ao deixar crianças em escola de Curitiba Mulher morta a tiros na frente dos filhos tinha medida protetiva contra ex-marido Advogado suspeito de matar ex a tiros na frente dos filhos não tinha porte de arma OAB suspende registro de advogado suspeito de matar ex-esposa a tiros na frente dos filhos Advogado suspeito de matar ex-esposa a tiros na frente dos filhos se entrega à polícia Em diversas mensagens de texto, Suellen reforçou para a advogada que a atendia, em diferentes datas, que tinha medo do ex-marido. Relatava, também, que o advogado tinha comportamento agressivo - no mesmo período que as mensagens foram enviadas, Suellen já tinha medida protetiva contra o suspeito. Veja algumas das mensagens abaixo: "Eu ando tão nervosa e com tanto medo. Nem dormir estou conseguindo". "Não aguento mais ficar nessa cidade, não quero mais ficar aqui". "Pior coisa do mundo é viver com medo, não poder sair". "Eu to numa situação, cada dia dormindo na casa de alguém". "Aqui ele não me deixa em paz e não vai deixar, isso eu tenho certeza". Suellen Rodrigues relatava por mensagens medo que tinha do ex-marido Divulgação Suellen Rodrigues relatava por mensagens medo que tinha do ex-marido Divulgação Suellen Rodrigues relatava por mensagens medo que tinha do ex-marido Divulgação Suellen Rodrigues relatava por mensagens medo que tinha do ex-marido Divulgação Suellen Rodrigues relatava por mensagens medo que tinha do ex-marido Divulgação CICLO DA VIOLÊNCIA: saiba como identificar Violência contra a mulher: como pedir medida protetiva de urgência O crime Suellen foi morta a tiros na frente da Escola Municipal Professora Donatilla Caron dos Anjos no bairro Uberaba. Uma câmera de segurança registrou o crime. Assista abaixo. Mulher é morta em frente a escola de Curitiba; ela deixava crianças na aula, segundo políc Câmeras de segurança registraram que o carro onde estava o assassino estava estacionado em frente à escola. Suellen aparece caminhando com o filho de dez anos e a filha de oito, quando o homem sai do carro correndo em direção a eles. Depois de uma discussão de pelo menos 40 segundos, o homem disparou contra a vítima. Suellen morreu no local. Após a morte da mãe, as crianças foram acolhidas pelo conselho tutelar e depois foram encaminhadas para os avós maternos. Aadvogado e ex-policial civil Jaminus Quedaros de Aquino se entregou à polícia Divulgação Prisão Nesta quinta-feira (3) Jaminus se entregou à Polícia Civil, em Curitiba, acompanhado de advogados de defesa. Ele ficou quatro dias foragido após o crime. Conforme a polícia, após se apresentar, o suspeito foi conduzido ao Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana da capital. Os advogados de defesa de Jaminus, Elson Marcelino e Tainan Laskos, afirmaram por meio de nota que houve negociação com a polícia antes da apresentação de Jaminus para garantir que o suspeito ficasse em um local adequado por ser ex-policial civil. A nota diz ainda que o suspeito permaneceu em silêncio por orientação da defesa, porque "no momento é prematuro levantar qualquer tese defensiva" e que analisa a "tragédia" com " o respeito e cautela que se faz necessário". Lei eleitoral dificultou cumprimento do mandado, diz polícia A RPC teve acesso ao mandado de prisão preventiva contra Jaminus expedido pela Vara Criminal de Prudentópolis no dia 25 de outubro. A prisão de Jaminus foi decretada por ameaça, violência doméstica, e descumprimento de medida protetiva de urgência. A Polícia Civil disse, em nota, que o cumprimento do mandado contra foi "prejudicado" pela regra eleitoral que proíbe a prisão ou detenção de eleitores - salvo exceções - de 5 dias antes a 48 horas depois das eleições. As exceções previstas no Código Eleitoral são: flagrante, em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou por desrespeito a salvo-conduto. Suellen era de Prudentópolis, na região central do estado Divulgação O calendário eleitoral deste ano estabelece que eleitores não podem ser presos de 25 de outubro às 17h do dia 1º de novembro. Jaminus Quedaros de Aquino se aposentou da Polícia Civil. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse que suspendeu o registro profissional do suspeito. Um processo ético disciplinar pode levá-lo à exclusão definitiva da Ordem. VÍDEOS: promotora de Justiça fala sobre características de casos de feminicídio e violência contra mulher , Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.