Luan Pereira rebate crítica por unir sertanejo e funk: 'Não estou nem aí, tem que botar para arregaçar'
Por Giuliano Saito
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Cantor de 'Roça em mim' e 'Botadona bruta' sobe nas paradas com batidão 'agronejo' sensual. Ele diz que 'o povo cai matando', mas dobra aposta na mistura. Especial traz apostas musicais de 2023. Luan Pereira Divulgação As duas maiores culturas do território musical brasileiro hoje são o romantismo derramado do sertanejo e a ousadia festiva do funk. Aos 19 anos de idade, Luan Pereira derruba essa cerca e sobe nas paradas com um batidão sensual e roceiro. Ele tem a voz mais grave a abusada da nova comitiva do "agronejo", um grupo de jovens músicos que juntam modão sertanejo, batida eletrônica e ode à cultura do campo. Luan adapta a linguagem do funk para o interior em hits como "Botadona bruta", "Roça em mim" e "Juliet e Chapelão". Nesta semana, o g1 faz uma série especial de apostas musicais para 2023. Do indie pop ao forró de vaquejada, conheça artistas prontos para estourar. Segunda-feira (9): WIU, o trapper apaixonadão Terça-feira (10): Iguinho e Lulinha, os vaqueiros com tecla SAP Quarta-feira (11): Luan Pereira, o boiadeiro baladeiro Quinta-feira (12): Jota.pê, o novinho da MPB Sexta-feira (13): Joji, FLO, Latto e Caroline Polachek, o novo pop gringo Conheça suas histórias também no podcast g1 ouviu: Novo galope Os astros milionários do sertanejo atual investem em juras de amor, ciúmes e saudades. Desde o início dos anos 2010, quando baixou a onda de festa puxada por "Ai se eu te pego", de Michel Teló, não se ouvia tantos versos de duplo sentido de um cantor de bota, chapéu e fivelão no cinto. Leia mais: Pegação ou amor eterno? Veja como sertanejo foi da balada ao namoro de pijama Luan Pereira chegou cantando que "o peão manja dos macete" e pedindo: "roça em mim, que hoje tu vira o olho galopando gostosinho'". Será que isso gerou uma resistência nos sertanejos de antes, de gente que chega olhando torto para ele? "Claro que chega. O povo cai matando. Eu não estou nem aí, não. Tem que botar pra arregaçar. Tem gente que gosta, tem gente que fala mal. Daqui a pouco está ouvindo para caramba. O ser humano é assim, de opiniões e momentos", diz Luan Pereira. Luan Pereira Divulgação / Diego Brito ? Grave: a voz de Luan Pereira Luan nasceu em Suzano (SP), mas foi criado pela avó e pela mãe em Rosana, a última cidade do oeste paulista, na tríplice fronteira com o Paraná e com o Mato Grosso do Sul. "A gente foi morar em um sítio e eu matava aula para tirar leite de vaca", ele conta. Além da pecuária clandestina, o pequeno Luan dizia que queria ser palhaço quando crescesse, e gostava de se vestir de caubói nas festas de família. Mas ele também sabia se comportar: aprendeu a cantar na igreja de Rosana e entrava em todas as atividades culturais do colégio. A mãe e o resto da população da cidade ouviam sertanejo sem parar, claro. Luan gostava de Gino & Geno, Matogrosso & Mathias e Rionegro & Solimões. Com eles, aprendeu os temas rurais e o canto de voz grave, que adotou anos depois. Ele ficou perdido quando a voz começou a mudar na adolescência, ainda mais grossa que a dos amigos, e achou nos velhos ídolos o tom musical cavernoso. Tem gente que estranha e gente que curte, mas é difícil ignorar o novinho que trocou o clichê do agudo sofrido pelo grave ousado. Luan Pereira Divulgação / Diego Brito Um banquinho, um Instagram Ele começava a fazer shows de banquinho e violão nos bares de Rosana quando começou a pandemia de Coronavírus. Afastado dos primeiros palcos, o adolescente correu para o celular, nos aplicativos em que o sertanejo é forte, mas o funk e a música eletrônica comandam as dancinhas. Desde antes do sucesso, Luan é amigo de Ana Castela, que virou a grande estrela do "agronejo" com o hit "Pipoco" em 2022. Os dois começaram a carreira postando vídeos no Instagram e no TikTok. Antes de assinarem contratos, eles já se falavam pelas redes sociais e até compunham juntos. Luan Pereira Divulgação / Diego Brito 'Friendzone' produtiva Ana já disse ao g1 que conheceu Luan quando ele deu em cima dela no Instagram. Ele confirma: "Eu 'carquei' para cima dela. Fui atirador de elite. Cheguei e apaixonei nela, né? A gente conversou, compôs uma música boa, mas entrou na 'friendzone' (gíria para a paquera que só fica na "zona de amizade")." "Virou uma amizade sincera, por Deus mesmo, em que eu não vejo maldade. A gente trabalha junto, fofoca junto, cresce junto. Fico muito feliz pelo sucesso dela", ele diz. A primeira música de Luan Pereira a chegar ao top 10 do streaming no Brasil é "Roça em mim", composta por ele e gravada em parceria com Ana Castela e com Zé Felipe. A letra e o som redobram o projeto de batidão sertanejo. "Vieram criticar a gente pela junção de coisas de estilos, mas se você for pensar, música é uma coisa só", ele reflete. "Tem uma aceitação incrível, assim como bastante crítica. Tem que ser assim, senão não tem graça." Ana Castela, Zé Felipe e Luan Pereira no clipe de 'Roça Roça' Divulgação
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