Pesquisa Ipsos-Ipec revela percepção majoritária de motivação política no tarifaço dos EUA

No que diz respeito à renda familiar, a opinião de que a medida tem caráter político é majoritária entre todos os níveis

Por Da Redação

Pesquisa Ipsos-Ipec revela percepção majoritária de motivação política no tarifaço dos EUA Créditos: Arquivo

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos-Ipec, divulgada nesta terça-feira (12), mostra que 75% dos brasileiros acreditam que o aumento tarifário de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil tem motivações políticas. O levantamento, realizado pouco antes da entrada em vigor da medida, aponta que apenas 12% dos entrevistados veem o tarifaço como uma questão exclusivamente comercial.

Entre os entrevistados, 5% consideram que a decisão norte-americana é simultaneamente política e comercial, enquanto 8% não souberam ou preferiram não opinar.

A maior parcela daqueles que atribuem o tarifaço a um interesse político está na faixa etária entre 45 e 59 anos, representando 80% desse grupo. Regionalmente, a percepção política da medida é mais forte no Nordeste e Norte do país, com 77% dos entrevistados dessas regiões compartilhando essa visão, seguidos pelo Sul (72%) e Centro-Oeste (71%).

No que diz respeito à renda familiar, a opinião de que a medida tem caráter político é majoritária entre todos os níveis, variando entre 70% e 77% dos entrevistados. Católicos e evangélicos também apresentam índices similares, com 76% e 74%, respectivamente, enxergando motivação política no tarifaço.

Divisão sobre a aprovação da medida e retaliação brasileira

A pesquisa ainda revelou que 33% dos brasileiros concordam totalmente com a imposição da tarifa pelo governo do presidente Donald Trump, enquanto 16% concordam parcialmente. Por outro lado, 43% dos entrevistados discordam da medida, sendo 30% totalmente contrários e 13% em parte.

Quando questionados sobre a necessidade de retaliação, 61% dos eleitores do presidente Lula defendem que o Brasil deve aplicar medidas equivalentes contra os EUA, seguidos por moradores do Norte e Centro-Oeste (58%), jovens de 16 a 24 anos (55%), pessoas com ensino superior (53%), mulheres (51%) e católicos (51%).

Em contraponto, entre os que rejeitam a retaliação, predominam eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (56%), moradores da região Sul (52%), residentes em periferias urbanas (52%) e evangélicos (50%).

Impactos na imagem dos EUA e na política comercial brasileira

O tarifaço norte-americano também influenciou a percepção dos brasileiros sobre os Estados Unidos. Para 38%, a imagem do país piorou após a imposição das tarifas, enquanto 6% avaliam que melhorou. A maior parte, 51%, acredita que a percepção permaneceu a mesma.

Além disso, 68% dos entrevistados apoiam a ideia de que o Brasil deve priorizar acordos comerciais com outros parceiros, como China e União Europeia, como alternativa ao conflito com os EUA. Em contrapartida, 25% discordam dessa estratégia.

Temor de isolamento internacional

O estudo aponta ainda um temor majoritário quanto ao isolamento do Brasil no cenário internacional. Sessenta por cento dos entrevistados acreditam que o confronto com os Estados Unidos pode deixar o país mais isolado globalmente, enquanto 32% não veem esse risco.

Metodologia

A pesquisa Ipsos-Ipec ouviu 2 mil pessoas em 132 cidades brasileiras entre os dias 1º e 5 de agosto, com um nível de confiança de 95%. O levantamento foi concluído um dia antes da implementação das tarifas americanas.

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