Grupo Leia Mulheres organiza seu 51º encontro neste sábado
O encontro, que é gratuito e aberto para todos os públicos, acontece neste sábado (29), a partir das 15 horas, na Biblioteca Pública Municipal Sandálio dos Santos. O grupo vai debater a obra “A Estrangeira”, escrita pela italiana Claudia Durastanti
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Que o hábito da leitura proporciona diversos benefícios, todo mundo já sabe. Leitores que cultivam o hábito, podem experimentar o aumento da imaginação, melhoras no vocabulário, no pensamento crítico, reforço na capacidade de raciocínio, entre outras habilidades úteis para a vida.
Quando praticado em grupo, com os chamados clubes ou grupos de leitura, o hábito de ler ainda proporciona um desenvolvimento intelectual e pessoal, já que ajuda a estimular a sociabilidade e a formação de laços entre os leitores.
Além de experienciar todos os recursos já citados anteriormente, um clube de leitura cascavelense ainda vem dando espaço para que temas importantes e de relevância social sejam vistos a partir de novas perspectivas, tudo isso enquanto oferece visibilidade para produções de escritoras mulheres e fomenta a busca por igualdade do universo literário.
O Leia Mulheres é um grupo que existe há cinco anos no município. Criado no ano de 2019 pela jornalista Regina Krauss e pela professora Juliana Matos, o grupo organiza encontros mensais para debater obras diversas, todas escritas por mulheres. Livros de gêneros variados, artigos, textos, contos, o leque de objetos de estudos e debates do grupo é ainda tão diverso quanto as autoras e realidades abordadas.
Para os leitores que não estão familiarizados com o clube, apesar do termo feminino que acompanha a nomenclatura, em seus encontros mensais, o Leia Mulheres é aberto a todos os públicos, independente do gênero, orientação sexual ou identidade de gênero.
A iniciativa é inspirada no movimento homônimo, Leia Mulheres, criado no ano de 2014, pela escritora inglesa Joana Walsh, que na época, tinha como objetivo ampliar seu networking e contato com obras de escritoras mulheres e descobrir novas referências literárias.
A partir do grupo, se popularizou rapidamente nas redes sociais a hashtag #readwoman2014, que em tradução, quer dizer “leia mulheres”, para aumentar a visibilidade entre essas profissionais.
No Brasil, o movimento ganhou, não só notoriedade, mas também novas formas de contribuir com essa divulgação, dando início a uma série de grupos de leitura espalhados por todo o país, inclusive aqui mesmo, em Cascavel.
Nova obra
Neste sábado, 29 de junho, o Leia Mulheres se prepara para organizar seu 51º encontro, que acontece a partir das 15 horas, na Biblioteca Pública Municipal Sandálio dos Santos.
Em sua nova edição, o grupo deve debater a obra “A Estrangeira”, escrita pela italiana Claudia Durastanti, e lançada no ano de 2021.
Misturando ficção e memórias pessoais, Durastanti usa o livro para contar a história de sua própria vida. Filha de pais surdos, que se recusaram a usar a linguagem de sinais, e que não permitiam que ela usasse gestos para se comunicar, a autora tece uma série de memórias e reflexões sobre sua trajetória e os reflexos do modelo de criação, no qual cresceu.
Ao longo da narrativa, o leitor acompanha também as mudanças geográficas da personagem, nascida nos Estados Unidos, que passou a infância na Itália e a vida adulta em Londres.
O livro foi escrito pela autora como uma forma de homenagear a própria mãe, que optou por viver conforme suas crenças e termos próprios.
Reflexões sociais
A escolha da obra reflete o compromisso do Leia Mulheres com a visibilidade feminina no universo literário, e também abre espaço para o diálogo de questões sociais importantes. Ao Caderno Mais, a mediadora, Regina Krauss, explica que neste mês, os leitores serão levados à uma reflexão sobre as diferenças entre pessoas ouvintes e surdas, assim como as habilidades desenvolvidas por essas pessoas, para que possam se comunicar entre si e com os demais: “A obra tem um pressuposto interessante: como você contaria sua história se não fosse capaz de falar? E se não ouvisse? Como se relacionaria com seus pais se eles fossem surdos, e você, não?”, questiona a mediadora.
Ainda segundo a mediadora, além de conhecer mais obras de autoras mulheres, a ideia é que os leitores também possam expandir seus conhecimentos de mundo, tendo acesso a diferentes realidades: “A proposta de ler livros escritos por mulheres não busca apenas trazer mais visibilidade e reconhecimento ao trabalho produzido por elas, mas também sempre questionar outras diferenças, outras intersecções importantes. No livro deste mês, por exemplo, somos convocados a pensar na maneira de estar no mundo e de se comunicar das pessoas surdas”, finaliza.
Para os leitores que se interessaram pela obra e pela oportunidade de debatê-la em um grupo de leitura, o Caderno Mais reforça o recado: o grupo Leia Mulheres organiza, no próximo dia 29 de junho, seu 51º encontro, que acontece a partir das 15 horas, na Biblioteca Pública Municipal Sandálio dos Santos.
Lembrando ainda que, apesar do termo feminino no nome, o grupo é aberto para todos, independente do gênero, além de ser gratuito.
Para ficar por dentro da programação de encontros e da seleção de obras, basta seguir o perfil: @leiamulherescascavel, no Instagram.