Gripe aviária: Aumenta o número de países que restringiram a compra do frango brasileiro

Adapar reforça serviços das barreiras em todo o Paraná para evitar entrada do vírus. O estado é responsável por 34% da produção nacional da proteína

Por Eliane Alexandrino

Gripe aviária: Aumenta o número de países que restringiram a compra do frango brasileiro Créditos: Assessoria

Eliane Alexandrino/ Cascavel

O número de países que restringiram a compra do frango brasileiro aumentou desde a última sexta-feira (16) quando foi confirmado o primeiro foco de gripe aviário no sul do Brasil. Além da União Europeia, Argentina, China, também suspenderam a compra da carne de frango brasileira: África do Sul, Coreia do Sul, Canadá, México, Japão, Uruguai, e Chile. As remessas abatidas antes do dia 12 de maio ainda poderão ser importadas aos países.

O MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) informou que todas as medidas de Plano de Contingência para evitar que o vírus H5N1 (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade), ou gripe aviária, estão sendo realizadas para barrar que o vírus chega em outras localidades.

Todas as propriedades rurais vizinhas ao local (raio de 3 km) onde foi confirmado o foco na cidade de Montenegro no Rio Grande do Sul foram vistoriadas. E 238 das 510 propriedades (raio de 7 km) também já foram fiscalizadas. Sete barreiras de bloqueios de trânsito de animais também foram instaladas neste fim de semana.

Na granja comercial onde o foco foi confirmado, já foram realizado todo o descarte das aves e dos ovos, limpeza e desinfecção de todas as instalações.

“Investigações de suspeitas são rotina na atividade da Defesa Agropecuária, e que em casos onde emergências são declaradas o sistema fica sensibilizado e o número de investigações tende a aumentar em um primeiro momento, o que reforça a robustez do sistema de Defesa Agropecuária do Brasil, que atende e trata todas as investigações com eficiência e transparência”, diz o Ministério da Agricultura.

Também foi confirmado que as mortes de 38 cisnes e patos do Zoológico de Sapucaia do Sul – RS (que fica há 50km de Montenegro) foram causadas pela H5N1. O local já havia sido fechado para visitação desde o registro da morte dos animais na terça-feira (13) passada e segundo a Secretaria de Meio Ambiente do município deverá continuar fechado por tempo indeterminado. O Zoo existe há 63 anos e é o maior parque do Rio Grande do Sul, abriga 130 espécies, além de animais silvestres e um plantel de espécies domésticas, como cisnes e marrecas.

O MAPA afirmou que todas as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente erradicar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e segurança alimentar da população no geral.

O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, disse durante uma reunião com técnicos da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), que o tempo de suspensão de embarques de frango à China, por exemplo, pode ser reduzido.

“Temos espaço para negociar, o foco é de aproximadamente 28 dias e se conseguirmos eliminar o foco e rastrear os animais, o fluxo possa ser normalizado antes dos 60 dias. A transparência, a eficiência e fazer o que ditam os protocolos são ações importantes para superarmos rapidamente essa questão para retomar a normalidade de vendas”, disse Fávaro.

O Ministério público confirmou também que há investigação de dois casos suspeitos, um em uma propriedade no município de Aguiarnópolis no Tocantins e outro na cidade de Salitre – Ceará, em ambos os locais, as medidas de controle de protocolo já foram adotadas.  

 Adapar reforça protocolo: Paraná é responsável por 35% da produção nacional

A Gazeta do Paraná entrou em contato com a Adapar  confirmou que Governo do Paraná impõe protocolos rígidos de controle, e através de uma nota técnica afirma que a recomendação é o reforço da biosseguridade, ou seja, barreiras interestaduais de controle de trânsito sejam reforçadas.  O Estado mantém um sistema rígido de controle e de vigilância em aves silvestres, tanto em estabelecimentos comerciais ou de subsistência, afirma a Adapar.

Ainda no domingo (18) uma reunião foi realizada para tratar esses reforços em todo o Estado, já que o Paraná é o maior produtor de frangos do País, com mais de 2 bilhões de aves abatidas no ano passado, o que representa 34% da produção nacional e também é o maior exportador com mais de 4 bilhões de dólares vendidos para 170 países por ano. O Estado conta com cerca de 20 mil granjas, e os reforços vão continuar orientando os proprietários para inspeção de telas e que não haja nenhuma possibilidade de entrada de outro animal nos locais.

Em Cascavel, a Coopavel sozinha exporta a proteína para 50 países (Entre eles: China, Espanha, Holanda, Japão, Emirados Árabes). A cooperativa faz parte do grupo das maiores empresas do Brasil, se encarrega pelo abate e processamento e exportação. Conta com aproximadamente 6 mil funcionários, além de 33 filiais em 23 cidades.

O Estado também tem um decreto vigente que mantém um status de emergência zoossanitária, o que ajuda a manter em alta a vigilância com o objetivo de evitar casos nas granjas comerciais. A influenza aviária é uma doença com distribuição global e ciclos pandêmicos ao longo dos anos, com sérias consequências para o comércio internacional de produtos avícolas.

A recomendação da Adapar é que qualquer suspeita da doença deve ser comunicada imediatamente à agência. Também evitem contato com aves comerciais ou silvestres. Também recomendou a suspenção nas granjas comerciais e confirmou que até o momento não há registros de casos suspeitos no Paraná.

A Adapar conta com 131 escritórios locais, 33 postos de divisas, além das parcerias com as prefeituras municipais e sindicatos rurais. A agência já vem monitorando o fluxo de aves migratórias principalmente no litoral há alguns anos, orientando principalmente propriedades que têm galinhas para subsistência. Esse trabalho é feito em parceria com o Centro de Estudos Marinhos, da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

 Como a doença afeta?

A influenza aviária ou gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta as aves silvestres e domésticas, mas também pode acometer humanos que tiverem contato com os animais contaminados.

Os animais infectados apresentam dificuldade para respirar, secreção nasal, espirros, falta de coordenação motora, torcicolo, diarreia e alta mortalidade em locais de produção.  O MAPA assegura que não há transmissão pelo consumo de carne e nem de ovos.

A gripe aviária está localizada em todos os continentes, desde 2006, o vírus está em circulação, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa. No Brasil a doença chegou em 2023, através de aves silvestres, mas este foi o primeiro caso comercial.

 Prejuízos?

Os Estados Unidos contabilizaram 1,4 bilhão de dólares em prejuízos, segundo a AVMA (Associação Médica Veterinária Americana). O surto da doença da gripe aviária começou em 2022 e se tornou o mais severo e prolongado da história do país americano.  

Segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a produção de carne de frango atingiu 14.972 milhões de toneladas, em 2024. Somente no mês de abril deste ano foram exportados 475 milhões de toneladas e o ano passado, e no ano passado foram 5.295 milhões de toneladas da proteína.

E quanto o Brasil irá amargar em prejuízos durante 60 dias de embargo? Informações extraoficiais calculam prejuízos que poderão ultrapassar R$ 1 bilhão.

A Gazeta do Paraná seguirá acompanhando o processo do embargo, prejuízos, assim como a possibilidade de queda nos preços nos supermercados se haverá nas próximas semanas.

Foto: Assessoria Adapar