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Gilberto Gil celebra o amor com ópera que estreia em Paris

Por Giuliano Saito


Cantor faz três apresentações na França, neste final de semana, acompanhado de 150 músicos do Coro e Orquestra da Rádio France. Gilberto Gil se apresenta no terceiro dia de Rock in Rio 2022 Marcos Serra Lima/g1 Gilberto Gil, um dos grandes nomes da música popular brasileira, afirma que tem dois motivos para celebrar sua nova obra, uma ópera com o nome de "Amor Azul": a persistência do sentimento amoroso e da esperança política para seu país. "São muitas emoções, nunca havia tocado com um conjunto assim", declarou à AFP o cantor e compositor no Auditório da Rádio France em Paris. Aos 80 anos, Gil maneja seu violão com tranquilidade diante de 150 músicos do Coro e Orquestra da Rádio France. "Amor Azul" é uma criação operística com influências musicais brasileiras, composta em dois atos em colaboração com o maestro italiano Aldo Brizzi, um grande amigo de Gil. "A hospitalidade da Rádio France e a possibilidade de começar aqui, em Paris, para depois interpretá-la na Europa e em outros lugares dá muita solidez ao projeto", explica o autor de sucessos como "Toda Menina Baiana". O libreto é inspirado em poemas hindus e divindades como Krishna. Algo que não surpreende em Gilberto Gil, estudioso da espiritualidade indiana, que o ajudou como refúgio espiritual durante sua detenção no fim dos anos 1960 durante a ditadura militar. A partir destas fontes, Gilberto Gil medita musicalmente sobre alguns de seus temas favoritos, com destaque para o amor. "O amor é tudo, o amor é mais importante que a morte", declara o artista com um sorriso. Leia também: Gilberto Gil é xingado por torcedores brasileiros em jogo da seleção Gilberto Gil agradece apoio após ter sido xingado em jogo da seleção e chama agressão de 3º turno das eleições: 'inconformados' Famosos, influenciadores e políticos prestam solidariedade a Gilberto Gil após cantor ser hostilizado no Catar Lembrança do grupo The Who Percussionistas, cantores de ópera da Bahia e dançarinos indianos acompanham a Orquestra Filarmônica no palco. Aldo Brizzi, maestro italiano que já morou no Brasil, não se considera intimidado com a mistura de estilos. "Agora mesmo, sentado neste palco, com todos esses músicos, pensei no The Who, que também tocou há muito tempo com um conjunto sinfônico", recorda Gilberto Gil. O grupo de rock britânico fez história nos anos 1970 com a ópera-rock "Tommy". "Amor Azul" tem uma ambição mais universal. Gilberto Gil cita "influências europeias, da Itália, Portugal, França e Espanha, elementos muito presentes na música do Brasil, e outros ingredientes orientais". O astro é acompanhado por seu filho Bem Gil. "É natural que esteja aqui, é um músico veterano, já fez muitos projetos comigo. E para ele é um desafio muito importante, a oportunidade de tocar com um conjunto destas dimensões", explica. Gilberto Gil e Bem Gil Divulgação / Gerard Giaume "Significado da palavra 'progresso'" Transmitir sua mensagem é essencial para o ex-ministro da Cultura. "Eu estava em um ministério da Cultura voltado para a modernidade", recorda Gilberto Gil, que ocupou a pasta durante o primeiro mandato de presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, agora eleito para um terceiro mandato. "Vivemos um período difícil com a chegada da extrema-direita", afirma. "Para (Jair) Bolsonaro, tudo era sobre negócios, capitalismo, lucro, Não tinha a a compreensão mais profunda do significado da palavra progresso, da redistribuição da riqueza". "O retorno de Lula, com sua experiência, seu caráter, sua justiça, é o retorno da esperança", concluiu Gilberto Gil.