Esquerda e direita radical no Chile: Jeannette Jara e José Antonio Kast vão ao segundo turno
Disputa será decidida em 14 de dezembro após primeiro turno acirrado e participação recorde de eleitores
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A candidata de esquerda Jeannette Jara e o líder da direita radical José Antonio Kast disputarão o segundo turno das eleições presidenciais do Chile, marcado para 14 de dezembro. A definição veio neste domingo (16), após a apuração de quase todas as urnas. Jara liderou a votação com 26,8% dos votos, seguida por Kast, com 23,9%.
A eleição registrou participação recorde de 85% dos eleitores.
Apesar da vantagem, Jara obteve desempenho mais apertado do que indicavam as pesquisas. Ex-ministra do Trabalho e integrante do Partido Comunista, ela é a primeira militante da sigla a chegar à etapa final de uma eleição presidencial. Após o resultado, afirmou que pretende dialogar com o eleitor que não optou por nenhuma das duas candidaturas.
Kast chega mais fortalecido ao segundo turno
Embora tenha ficado em segundo lugar, Kast chega ao segundo turno em posição favorável, segundo analistas. O conjunto dos quatro candidatos de direita que disputaram o primeiro turno somou mais de 70% dos votos. A expectativa é de que a maior parte desses eleitores migre para o líder ultraconservador na reta final.
Com quase todas as urnas apuradas, Jara aparecia com 27% e Kast com 24%, diferença pequena que expôs a divisão do eleitorado chileno.
O resultado também foi marcado pelo desempenho acima do previsto de Franco Parisi, do Partido do Povo, que ficou na terceira posição com 19,5%. Parisi fez uma campanha populista com propostas de endurecimento migratório, como o uso de minas terrestres na fronteira norte para conter a entrada irregular de estrangeiros.
Kast já conta com os apoios de Johannes Kaiser, candidato libertário que ensaiou uma candidatura competitiva, e de Evelyn Matthei, representante da direita tradicional e ex-prefeita de Providencia.
A disputa do “pêndulo chileno”
Jara enfrenta a dificuldade adicional de suceder um governo com baixa aprovação. A gestão de Gabriel Boric tem índices abaixo de 30%, e nenhum presidente chileno conseguiu eleger um sucessor do mesmo campo político desde 2006, fenômeno chamado de “pêndulo chileno”.
Em discurso, a candidata pediu que os eleitores rejeitem a polarização.
“Não deixem que o medo congele os seus corações. Aqueles que dividem e semeiam ódio prestam um péssimo serviço ao futuro do Chile”, afirmou.
Kast aposta em segurança e conservadorismo
José Antonio Kast, ex-deputado e líder do Partido Republicano, estruturou sua campanha no combate ao crime, no endurecimento das regras migratórias e em agendas de cunho conservador. Suas posições ultraconservadoras incluem apoio à ditadura militar de Augusto Pinochet, embora o candidato tenha evitado entrar nesse tema durante a campanha.
Após o primeiro turno, Kast afirmou que “o Chile acordou”, numa referência ao lema que marcou protestos de 2019.
“Após seis anos de violência, ideologia e mediocridade, milhões de chilenos abraçaram um projeto de oposição a este governo fracassado”, disse.
O candidato concorre à Presidência pela terceira vez e busca reverter a derrota para Gabriel Boric em 2021.
Força no Legislativo pode favorecer Kast
Além da corrida presidencial, os chilenos elegeram toda a Câmara dos Deputados e parte do Senado. Aliados de Kast avançaram nas duas casas, movimento que pode garantir base estável em eventual governo de direita radical.
