'Escutava o barulho do fogo quando acende, aquilo me perturbou por algumas noites', diz cliente incendiado por frentista
Por Giuliano Saito

Médico estima que Caio Murilo Lopes dos Santos fique internado por mais um mês. Vítima sofreu queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau. Fantástico traz novas imagens e entrevista cliente incendiado por frentista em posto Por várias noites Caio Murilo Lopes dos Santos, de 34 anos, ficou perturbado por ter tido o corpo incendiado pelo frentista Paulo Sérgio Esperançeta em um posto de combustíveis em Curitiba. "Eu escutava o barulho do fogo quando acende, né? Tem um barulho específico e aquilo ali me perturbou por algumas noites." No dia 18 de março, no bairro Pilarzinho, o funcionário do posto jogou gasolina no cliente após uma discussão e, segundos depois, ateou fogo nele. Uma chave quebrada teria motivado a briga. Entenda abaixo. Segundo o médico Marcelus Nigro, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, Caio deve ficar internado por pelo menos mais um mês e, mesmo após a alta, precisará de acompanhamento ambulatorial durante um ano. O frentista está preso preventivamente. A advogada Celma Karine Castro, que representa Esperançeta, afirmou que o homem lamenta o ocorrido e que não tinha intenção de matar Caio dos Santos. “O investigado não tinha a intenção de ceifar a vida da vítima, a uma porque não se tratavam de pessoas que tinham qualquer tipo de inimizade, não se conheciam, à duas porque não havia motivos para o denunciado matar a vítima, e em que pese algumas afirmações contrárias, o denunciado nunca almejou o resultado morte, não tinha a intenção de tirar a vida de Caio”, diz trecho da nota. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Segundo a delegada responsável pelo caso, Magda Hofstaetter, Paulo Sérgio deve responder por tentativa de homicídio qualificado. O advogado do posto, Marcel Bento Amaral, afirmou que aguarda a evolução clínica da vítima. "Aí sim, queremos conversar com o Caio e a família e compreender quais são as suas necessidades", disse. Frentista ateou fogo em cliente após discussão em posto de combustível RPC Discussão por chave De acordo com Caio, o carro tem duas chaves: uma específica do tanque de gasolina e uma da ignição que, segundo ele, estava inteira antes do abastecimento. "Daí eu questiono o rapaz que abasteceu: 'Cara, quebraram a chave do meu carro'", disse. À polícia, o frentista nega que quebrou a chave e informou que foi xingado pelo cliente. "Aí o sangue né? Eu tava passando por uns probleminhas também... Tipo uma separação assim", diz o frentista. Caio disse que em nenhum momento ofendeu o frentista. O incêndio Após a discussão, câmeras de segurança mostram que Paulo Sérgio retira a mangueira da bomba de gasolina e dispara o líquido inflamável no homem. Em seguida, tira um isqueiro do bolso e ateia fogo. Caio contou que ficou desesperado e tentou proteger o rosto. "O meu desespero era de não deixar pegar no rosto, por isso tirar a camisa, por isso tentar apagar o fogo com a mão e tirar a calça, até que veio o rapaz e apagou com o extintor", falou. Douglas de Araújo, frentista que trabalha há oito anos no posto, foi quem combateu o fogo com o extintor. "Quando eu escutei o som que acendeu, o combustível inflamou, eu peguei o extintor", contou Douglas. Logo após as chamas apagarem, Paulo Sérgio volta a se aproximar de Caio para agredi-lo. Vítima teve queimaduras graves Caio foi socorrido por Tcharles Begerron e levado para um posto do Corpo de Bombeiros, há cerca de 300 metros do local, onde recebeu os primeiros atendimentos. "Tava reclamando muito, muita dor, até minha [filha] mais velha que estava junto falou pra ele: 'Acalma um pouquinho que já estamos chegando'", disse Tcharles. 'Pediu muito socorro', relata homem que ajudou motorista incendiado; vítima segue internada De lá, Caio foi encaminhado de ambulância para o Hospital Evangélico Mackenzie. A vítima teve queimaduras de segundo e terceiro grau nos braços, tórax e abdômen, além de queimaduras de primeiro grau nas pernas. A esposa, Ana Paula Franco Ribeiro Lopes, de 28 anos, foi até o Corpo de Bombeiros e contou que encontrou o marido enrolado em papel alumínio gritando de dor. "Foi chocante, foi muito desesperador. Graças a deus que meu filho ainda tava dentro do carro e não presenciou essa cena", disse. O filho, de 4 anos, reencontrou o pai na sexta-feira (24). Grávida, esposa de motorista incendiado por frentista relata medo e busca por justiça: 'Tentando manter a calma' Caio Murilo teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau RPC Perigo de explosão Segundo o frentista Douglas, o fogo ficou próximo dos tanques de armazenamento, onde havia pelo menos 30 mil litros de combustíveis. De acordo com ele, o vapor eliminado é inflamável. "Uma pessoa pegando fogo seria uma bola de fogo, né?", falou. Leia também: Prevenção: Casos de dengue disparam no Paraná; veja como combater o mosquito Festival de Curitiba: Espetáculo Karaíba abre porta no Festival de Curitiba com participação indígena histórica; 'Ação concreta de luta', diz diretor Preso: Homem é preso por embriaguez ao volante após matar atropelada adolescente que estava em calçada no Paraná, diz polícia VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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