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Em troca de mensagens antes de ser morto pela PM, jovem avisou namorado que estava indo para casa: 'Te amarei até meu fim'

Por Giuliano Saito


Ismael Moray Flores, 19 anos, foi baleado durante ação contra suspeitos de assalto, segundo PM, quando disparos foram feitos após suspeitos apontarem armas em direção a militares. Polícia afirmou que Ismael não estava armado; família protestou ao que chamou de 'execução'. Troca de mensagem mostra que Ismal estava indo para casa Reprodução Em troca de mensagens por aplicativo instantes antes de ser morto pela Polícia Militar (PM) em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, o jovem Ismael Moray Flores, de 19 anos, afirmou ao companheiro que estava na residência da mãe e que iria para casa na sequência. Em outra mensagem, uma das últimas ao companheiro, Ismael também se declarou e disse que irá amá-lo até o "fim". "Eu vim na minha mãe", diz trecho. "Vou indo te encontrar", afirma outra mensagem. "Obrigada por fazer eu amar mais uma vez. [...] Te amarei até meu fim", enviou depois. Ismael foi morto na noite de segunda-feira (28). Conforme a corporação, uma equipe foi acionada após o registro de um assalto e, segundo o Boletim de Ocorrência (B.O.), avistou suspeitos fugindo do local que "apontaram armas de fogo em direção aos policiais sendo revidada a injusta agressão". PM afirma que Ismael não estava armado; 7 PMs envolvidos na abordagem foram afastados Após a troca de mensagens, o namorado dele e a sogra esperavam o jovem no portão de casa, mas Ismael nunca chegou. Troca de mensagem mostra Ismal se declarando para companheiro Reprodução Segundo Andreia Mendes, no momento em que ela e o filho se aproximavam do portão, viram viaturas da PM passando. "Eu olhei pro [sic] e perguntei, 'quanto tempo o Ismael saiu da casa da mãe dele?'. Ele disse que não sabia. Foi o momento em que eu liguei para a Clair (mãe Ismael) e ela me disse que ele deveria estar chegando. Aí nos desesperamos. Passaram as viaturas e já ouvimos disparos", afirmou a sogra. Ela conta que após os tiros, saiu de casa e começou a chorar porque imaginou que ele estaria passando por ali. Chegando no local, após algum tempo, foi confirmado que um dos mortos era o jovem. Ismael Moray Flores, de 19 anos, morto em ação da PM em perseguição à suspeitos de assalto em Foz do Iguaçu Arquivo pessoal 'Bala perdida não atinge 5 vezes' Familiares de Ismael Moray Flores protestaram contra morte de jovem baleado pela PM Zito Terres/RPC Nesta terça-feira (2), familiares e amigos de Ismael fizeram um protesto pela morte do jovem em Foz do Iguaçu. Eles pediram justiça contra a atuação da Polícia Militar. "Não foi operação, foi execução", manifestaram em uma faixa segurada pela mãe dele. Em outra, participantes questionaram o número de disparos que atingiram o jovem. "Bala perdida não atinge cinco vezes", escreveram. Familiares de Ismael Moray Flores protestaram contra morte de jovem baleado pela PM Zito Terres/RPC Câmera de segurança registrou vítima caminhando sozinha Imagem mostra homem caminhando antes de ser confundido pela PM Imagens de uma câmera de segurança (assista acima) mostram Ismael caminhando sozinho em uma rua instantes antes de ser morto. Ao virar a esquina, o jovem cruza com uma motocicleta, onde estavam suspeitos fugindo de uma viatura da PM. A motocicleta para e, em seguida, o condutor se rende. O outro suspeito foge correndo na mesma direção tomada por Ismael, segundos antes. No vídeo ainda é possível ver outras viaturas chegando e policias correndo em direção ao fugitivo. As imagens não registram a abordagem policial ao jovem e ao suspeito. Os dois morreram. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados. Ismael desarmado Conforme a capitão da PM André Ribas, o suspeito que aparece na imagens fugindo fez menção a atirar nos policiais que revidaram com disparos. “A gente não pode esperar que acerte a polícia. [...] Apenas um fez menção de atirar contra os policiais, que foi o que estava armado e foi morto pela polícia, o outro indivíduo não estava armado (Ismael). Inclusive foi apreendida apenas uma arma de fogo”, explicou Ribas. Questionado sobre o "porquê" dos policiais terem atirado em Ismael, mesmo sem eles estar armado, o tenente afirmou que o inquérito policial deverá apurar a motivação. "Não tem como a gente emitir juízo de valor porque só quem estava na ocorrência vai saber o motivo de ter atirado ou não. [...] Através do inquérito os policiais serão ouvidos e dirão o por que atiraram, se era ele para ser atingido, ou se era outro indivíduo e ele estava no meio do caminho tendo em vista que eles correram todos para o mesmo local, estavam na mesma rua”, explicou o tenente. A Polícia Civil afirmou que as investigações prosseguem e que testemunhas estão sendo ouvidas e que não divulgará outras imagens da ocorrência. O prazo inicial para conclusão do inquérito é de 30 dais, podendo ser prorrogado. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.