novo centro de convenções

Em nova conversa com Trump, Lula pede fim de tarifas e combate ao crime organizado

Presidente brasileiro cobrou avanço nas negociações comerciais e defendeu integração no combate ao crime transnacional

Por Da Redação

Em nova conversa com Trump, Lula pede fim de tarifas e combate ao crime organizado Créditos: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou nesta terça-feira (02) para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma conversa de cerca de 40 minutos marcada por temas econômicos e de segurança internacional. Segundo o Palácio do Planalto, Lula cobrou a retirada das tarifas adicionais ainda impostas pelos EUA a produtos brasileiros e defendeu avanços rápidos nas negociações comerciais entre os dois países.

O contato ocorre poucos dias após Washington anunciar a remoção da sobretaxa de 40% sobre mais de 200 produtos brasileiros, entre eles carne bovina, café, cacau e frutas, medida que havia sido adotada no contexto do chamado “tarifaço”, implementado pelo governo norte-americano em agosto. Lula classificou a decisão como “muito positiva”, mas ponderou que outros itens seguem sob taxação extra e precisam voltar às alíquotas normais. De acordo com o Planalto, o presidente afirmou que o Brasil quer acelerar o processo para eliminar as barreiras remanescentes.

“Indiquei ter sido muito positiva a decisão dos Estados Unidos de retirar a tarifa adicional de 40% imposta a alguns produtos brasileiros, como carne, café e frutas. Destaquei que ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”, afirmou o presidente por meio de suas redes sociais.

A retirada parcial das tarifas foi anunciada no fim de novembro, após uma reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. A ampliação da lista de exceções ao tarifaço atende a demandas de exportadores brasileiros que, desde agosto, enfrentavam dificuldades para manter competitividade no mercado norte-americano. O governo dos EUA justificou a medida de retaliação como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo Washington, representariam risco à segurança nacional, argumento contestado por Brasília.

Além da agenda comercial, o combate ao crime organizado internacional ocupou parte relevante da conversa. Lula destacou que o Brasil tem intensificado operações para “asfixiar” financeiramente facções criminosas, algumas delas com atuação coordenada a partir do exterior. O presidente ressaltou a necessidade de ampliar a cooperação com os EUA, especialmente no rastreamento de fluxos financeiros e no compartilhamento de informações de inteligência.

Ainda segundo o Planalto, Trump demonstrou “total disposição” em trabalhar conjuntamente com o Brasil e disse que apoiará iniciativas bilaterais voltadas ao enfrentamento de organizações criminosas transnacionais. O governo brasileiro considera que o alinhamento entre os dois países nessa área é essencial diante do avanço de grupos que utilizam rotas internacionais para tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro.

“O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, afirmou o presidente.

Os dois presidentes concordaram que novas conversas sobre comércio e segurança devem ocorrer em breve, sinalizando um possível aprofundamento da relação bilateral após meses de tensões geradas pelo tarifaço. Para o Brasil, o desafio agora é transformar o gesto inicial de Washington, a retirada das sobretaxas sobre parte dos produtos, em uma mudança definitiva na política tarifária norte-americana.

Enquanto isso, setores exportadores do agronegócio e da indústria nacional acompanham de perto a evolução do diálogo. A expectativa é que a normalização completa das tarifas reabra espaço para expansão das vendas ao mercado americano, um dos principais destinos de produtos brasileiros de alto valor agregado. No campo da segurança, a cooperação prometida por Trump pode reforçar operações já em curso e ampliar a capacidade do Brasil de atuar contra facções que ultrapassam fronteiras e operam em rede.

A ligação desta terça-feira, segundo avaliação interna do governo, marca um passo importante na tentativa de estabilizar a relação bilateral e “destravar” agendas que vinham sofrendo resistência. Tanto Lula quanto Trump, ainda conforme o Planalto, manifestaram interesse em manter um canal direto de diálogo, especialmente sobre temas considerados estratégicos.

Acesse nosso canal no WhatsApp