Em 26 anos, inflação do país ficou acima da meta por oito vezes

O mercado financeiro divulgou nesta segunda-feira (13) novas projeções para a inflação e a taxa básica de juros, destacando os desafios econômicos que o Brasil enfrentará nos próximos anos. Segundo o Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central com base em análises de economistas do setor financeiro, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2025 em 5%, um aumento em relação à estimativa de 4,99% da semana anterior.

Essa tendência de alta nos preços reflete o cenário de incertezas econômicas, especialmente em função das políticas fiscais e monetárias adotadas recentemente. Para 2026, a projeção da inflação também foi revisada para cima, de 4,03% para 4,05%. Nos anos seguintes, o mercado espera um retorno gradativo à meta inflacionária, com índices projetados de 3,9% em 2027 e 3,56% em 2028.

Taxa Selic
O Banco Central deve manter uma política monetária rígida nos próximos anos para conter a inflação e estimular a convergência dos preços à meta. A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,25% ao ano, deve permanecer elevada, com o mercado prevendo uma Selic de 15% em 2025 e 12% em 2026.

“Essa estratégia busca controlar o aquecimento da demanda, mas também eleva o custo do crédito, impactando diretamente o consumo e os investimentos,” afirmou o economista Daniel Andrade, destacando o dilema entre conter a inflação e estimular o crescimento econômico.

PIB e câmbio
As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) também refletem um cenário de crescimento moderado. O mercado manteve a previsão de expansão de 2,02% para 2025, enquanto para 2026 a estimativa é um avanço de 1,8%. Nos dois anos seguintes, o crescimento deve se estabilizar em torno de 2%.

No câmbio, a cotação do dólar para 2025 foi mantida em R$ 6,00, acompanhada de um cenário de volatilidade para os anos seguintes, com previsões de R$ 5,40 para 2026 e R$ 5,82 para 2027.

Impactos e desafios
Especialistas alertam que a combinação de juros elevados, inflação ainda acima da meta e câmbio pressionado pode dificultar a retomada sustentável da economia brasileira. “O mercado financeiro está reagindo ao cenário fiscal e às incertezas políticas, e isso tem refletido nas projeções mais conservadoras para o crescimento,” explica a economista Mariana Campos.

O Boletim Focus continuará sendo monitorado de perto, especialmente em um contexto onde decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) podem redefinir o rumo da economia no curto e médio prazo.