Depósitos de veículos são alvos no combate ao Aedes Aegypti
Pátio da Polícia Civil é um problema. Espaço que poderia ser de utilidade pública, serve atualmente para o armazenamento de carros
Por Da Redação

O combate à dengue é um dever de todos. Inclusive dos órgãos públicos. É comum a Gazeta do Paraná receber reclamações de leitores de que terrenos de propriedade do poder público estão com acúmulo de lixo e entulhos, o que é um complicador na questão epidemiológica. Normalmente, são nesses locais repletos de lixo que o mosquito se reproduz com facilidade e sai em busca do seu alimento, o sangue humano.
Em Cascavel são dezenas de espaços públicos, que pertencem não ao município, mas sim ao estado e ao governo federal, que trazem perigo para os moradores na propagação do Aedes Aegypti. Mesmo com a fiscalização frequente da vigilância epidemiológica, que quinzenalmente faz visita e vistoria nesses pontos e faz uma “marcação” forte para que os focos do mosquito sejam extintos nesses espaços, moradores ainda reclamam da situação em determinados pontos, como os pátios de veículos da Polícia Civil, que fica na Rua da Bandeira, e do Detran, na Avenida Tito Muffato. Repletos de veículos parados, os espaços costumam ter acúmulo de água principalmente após chuvas, fazendo com que o trabalho da vigilância epidemiológica seja crucial na contenção da propagação.
O pátio da Polícia Civil é o principal problema. Em uma área estratégica próximo ao Centro da cidade, o espaço que poderia ser de utilidade pública, serve atualmente para o armazenamento de carros que já se encontram em estado de sucateamento. Há inclusive a sugestão para que o espaço se torne a sede do Centro Pop, com a construção de uma nova estrutura. No entanto, o município de Cascavel por meio da Secretaria de Assistência Social nega o interesse e afirma que não há projeção da construção de um prédio para abrigar o Centro POP, e o Governo do Paraná afirma não ter recebido consulta por parte da Prefeitura sobre o interesse na área.
Segundo Clair Wagner, gerente de Vigilância em Saúde Ambiental, a vigilância epidemiológica faz um grande esforço para que esses espaços se mantenham limpos, e que a fiscalização e notificações acontecem independentemente do órgão que é responsável pelo espaço.
“Nós fazemos a vistoria em todos os espaços. Normalmente a gente vai até o local e esses pontos como o pátio do Detran, o espaço ao lado da delegacia entre outros que tem carros em locais acumulados, são considerados estratégicos, chamados de PE. Esses espaços são monitorados quinzenalmente, e nós disponibilizamos uma equipe específica que trabalha com produtos de pesticida para ir até esses locais. E fazemos também a aplicação de larvicida em locais com água que não é possível a eliminação do resíduo. Além disso, a gente cobra dessas entidades o PGRS, que é o programa de gerenciamento. E assim como os outros demais locais, se formos até esses espaços e a situação não tiver adequada, fazemos a notificação, tendo então um prazo para tomar as providências”, explica Clair.
Com relação ao pátio da Polícia Civil, Clair explicou que esses locais costumam ter os veículos perfurados para evitar acúmulo de água, mas que ainda assim pode ocorrer acúmulos, e para impedir isso é cobrado pela vigilância, que haja manutenção semanal desses espaços.
“A maioria desses locais tem carros já perfurados. No Detran eles não podem perfurar porque são carros que podem voltar para o proprietário, mas na maioria desses pátios há esse cuidado. E esse é um pedido nosso, para que locais com acúmulo de materiais velhos, que seja tudo perfurado. O que a gente cobra sempre é que haja uma equipe que faça a manutenção semanal. Choveu? Alguém precisa ir lá, dar uma olhada e fazer a eliminação dos possíveis locais que possam acumular água. Além da visita quinzenal que fazemos. E nessas visitas, caso não encontremos o local de forma adequada, cobramos essa adequação”, disse Clair.
Os problemas apesar de não serem frequentes acontecem, e é nesse momento que entra o papel da vigilância. As notificações são feitas, e caso não haja resolução, assim como uma pessoa física os espaços públicos e privados são multados.
“Não dá para dizer que a gente não encontra problema, porque a gente tem sim. Mas notificamos como qualquer domicílio comum. Hoje a nossa multa está em quatro unidades fiscais para pessoa física e em seis para pessoa jurídica. E se nós voltarmos depois de um tempo e encontrar novamente o local inadequado, a multa dobra”, explicou Clair.
A Gazeta do Paraná questionou também a Secretaria do Estado da Saúde, que afirmou que a responsabilidade na fiscalização desses espaços é do município, como citado acima. O Ministério Público foi questionado a respeito de possíveis denúncias relacionadas aos espaços e afirmou que não se manifesta em casos em que não há denúncia formal encaminhada ao órgão, e que eventuais irregularidades podem ser comunicadas pelo canal online, com envio de informações e provas que subsidiem a investigação.