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Democratizando o clássico: GCst Mais+ recebe a maestrina da Orquestra Sinfônica de Cascavel, Giordana Lube

Durante o bate-papo, a maestrina Giordana Lube contou sobre a história de formação da Orquestra Sinfônica de Cascavel e os desafios enfrentados para sua consolidação

Democratizando o clássico: GCst Mais+ recebe a maestrina da Orquestra Sinfônica de Cascavel, Giordana Lube Créditos: Gazeta do Paraná

Quando o assunto é destacar a cultura local e dar espaço para que profissionais de Cascavel e região possam falar sobre seus trabalhos, é claro que o palco para essas discussões teria que ser o estúdio do GCast Mais+. 

O videocast da Gazeta do Paraná, apresentado pelos jornalistas Bruna Bandeira e Lucas Gabriel, vem recebendo profissionais de diversas áreas do universo cultural, para dar mais destaque e visibilidade para temas e profissionais da arte. A programação vai ao ar nas quartas-feiras, às 19 horas, no canal da Gazeta do Paraná, no YouTube. 

Em seu último episódio, o programa recebeu uma personalidade de grande destaque em Cascavel, principalmente no meio musical, a maestrina Giordana Lube, responsável por guiar grupos de destaque no município, como a Orquestra Sinfônica de Cascavel (OSC). 

Para dar início ao bate-papo, a maestrina relembrou sobre a sua trajetória. Giordana Lube começou relembrando a gênesis da sua carreira nas orquestras, que teve início com a regência de bandas de colégios locais: “Eu fui regente da banda do Colégio Santa Maria, que hoje não existe mais, mas eu comecei mesmo em grupos com a banda do colégio Marista, onde eu toquei, e a banda me escolheu, isso foi em 1995”, relembra. 

A ideia de montar uma orquestra municipal em Cascavel chegou até a maestrina por um dos músicos, o trompista Orlando Gomes, e, é claro, que a maestrina prontamente aceitou o desafio. A orquestra, que começou suas atividades no ano de 2003, no espaço da oficina de ferramentas do trompista, recebeu, na época, a nomenclatura de “Orquestra Filarmônica Oficina”. 

Ela explica que, como já trabalhava com as bandas, o conhecimento musical foi essencial para assumir a jornada, mas que haviam diferenças entre a regência de bandas e orquestras: “A diferença da banda para orquestra, é que a banda tem instrumentos de sopro e percussão, às vezes, podem ter alguns instrumentos de cordas, como contrabaixo, mas a maior parte é de sopro. Já a orquestra, além do sopro e da percussão, tem as cordas, como violino, violoncelo, viola, contrabaixo”, esclarece. 

Apesar de aceitar o desafio, a profissional, que já atuava na regência, conta que se aprimorou ainda mais para a empreitada: “As cordas não são a minha àrea, por isso, fui estudar sobre, até porque, você tem que saber o que você vai pedir para o músico, você não pode pedir uma nota que não faz parte do instrumento dele”, conta. 

A Orquestra Filarmônica Oficina seguiu realizando suas atividades na oficina de ferramentas até o ano de 2008, quando o grupo foi convidado a realizar seus ensaios no Centro Cultural Gilberto Mayer. Com a mudança de local, o grupo também teve uma mudança no nome, passando a se chamar “Orquestra Sinfônica de Cascavel”. 

Apesar dos ensaios acontecem em espaço público, a maestrina esclarece que a OSC não é vinculada ao poder público municipal: “Apesar de muita gente achar que a gente achar que  temos um vínculo com o município, a nossa orquestra é privada, ela está em uma instituição pública com parceria, e hoje, ela pertence ao Instituto Cultural de Cascavel, que é uma instituição sem fins lucrativos”, esclarece. 

 

Desafios 

A maestrina ainda foi convidada a refletir sobre o significado da OSC para ela: “A Orquestra, para mim, é um projeto de vida. Eu gosto de lembrar que, desde o começo, nosso objetivo era que tivéssemos uma orquestra profissional em Cascavel, e a gente continua percorrendo este objetivo. Estamos cada vez mais próximos da profissionalização, que é, fazer com que o músico possa viver de música”,explica.

Antes que pudesse alcançar esse posto de lutar pelo acesso à arte para o público, a Orquestra Sinfônica de Cascavel precisou lutar batalhas para sua própria manutenção e consolidação, para que pudesse se manter, e manter os integrantes. 

Entre os desafios, alguns fizeram com que o grupo deixasse de ser vinculado a Prefeitura Municipal de Cascavel, e passasse a se vincular junto a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste): “Nós éramos um grupo de amigos, e foi um secretário de cultura que nos abriu as portas para que tivéssemos um local adequado para guardar os instrumentos com segurança, ensaiar para não tocarmos no meio da rua, porque sempre precisamos deste apoio, e é função do poder público fazer isso. Tivemos também o momento em que agentes públicos quiseram se apropriar do nosso trabalho porque, infelizmente, existem pessoas que não constroem nada e querem pegar pronto, e houveram pessoas que quiseram me tirar para mudar o jeito da orquestra, mas as pessoas não aceitaram, Na nossa última vez, acabamos rompendo a parceria com a prefeitura e indo para a Unioeste ”, desabafa. 

 

Democratização da música clássica

Quando o assunto é música clássica, principalmente em Cascavel, é inevitável discorrer sobre o pensamento popular que aproxima a orquestra da música erudita, clássica, o que muitas vezes, dificulta o interesse e o acesso ao público de forma geral. No entanto, a Orquestra Sinfônica de Cascavel vem fazendo o caminho inverso, buscando, ao máximo, aproximar ainda mais a música clássica da população: “Eu penso que são as duas coisas, o não tirar a música erudita, porque ela é própria, é o que desenvolve o músico e ainda tem muito público, mas o que acontece é que a população fica com medo antes de conhecer e se apaixonar, então escolhemos peças clássicas mais curtas, falamos sobre a obra, para fazer o trabalho de conhecimento e de aproximar o público da música”,conta. 

Um exemplo dessa democratização, está na escolha das temáticas dos concertos apresentados pela OSC ao longo de sua trajetória. O grupo clássico já apresentou temas e repertórios relacionados ao rock n´roll, circo, músicas brasileiras, canções de filmes, entre outros: “Nós pegamos imagens de outras áreas para ilustrar a música, e podermos dar sentido para ela. O público fica muito mais próximo da música quando consegue identificar essas questões visuais. O nosso último concerto de setembro é um bom exemplo, tivemos música clássica, popular, folclórica e erudita”,finaliza. 

Para assistir a entrevista completa e o bate-papo com a maestrina Giordana Lube, basta acessar o canal da Gazeta do Paraná, no YouTube. O programa Mais+ vai ao ar nas quartas-feiras, às 19 horas. Para não perder nenhum episódio, ative o sino das notificações. 

 

Trecho 

“Apesar de muita gente achar que a gente achar que  temos um vínculo com o município, a nossa orquestra é privada, ela está em uma instituição pública com parceria, e hoje, ela pertence ao Instituto Cultural de Cascavel, que é uma instituição sem fins lucrativos”

-Giordana Lube 

Maestrina 

 

Trecho 

 “Nós pegamos imagens de outras áreas para ilustrar a música, e podermos dar sentido para ela. O público fica muito mais próximo da música quando consegue identificar essas questões visuais. O nosso último concerto de setembro é um bom exemplo, tivemos música clássica, popular, folclórica e erudita”

-Giordana Lube 

Maestrina 

Créditos: Gazeta do Paraná