Da Celepar ao Porto de Paranaguá: Formighieri questiona privatizações no estado do Paraná
Marcos Formighieri elogiou atuação do Governo Ratinho Junior, principalmente em relação a infraestrutura na área litorânea do estado, mas questionou negócio da Celepar
Por Da Redação

Em mais uma edição do Tijolinho, transmitido no GCast, o Podcast da Gazeta do Paraná, o diretor do jornal, Marcos Formighieri, traçou um panorama da gestão de Ratinho Júnior à frente do governo estadual, alternando momentos de reconhecimento a obras estruturantes no litoral e críticas a privatizações e negócios envolvendo empresas públicas e o Porto de Paranaguá.
Formighieri iniciou sua avaliação destacando avanços no litoral do Paraná, região historicamente marcada por carências de infraestrutura. Para o jornalista, obras como a ponte de Guaratuba, a duplicação de rodovias estratégicas e o alargamento da praia em Matinhos representam um esforço de “coragem e determinação” por parte do governo. Ele ressaltou que gestões anteriores não deram a devida atenção ao setor, o que, em sua visão, resultou em perda de competitividade turística frente a outros estados. Ele também elogiou o governo Requião, que realizou a duplicação da serra entre Garuva até Curitiba, facilitando a chegada ao estado vizinho.
“Basta nós olharmos para Santa Catarina, para vermos a necessidade de investir em obras. O Governador teve coragem. Ninguém fazia a ponte que liga Matinhos a Guaratuba, e para cruzar era um tormento. Filas intermináveis para pegar os FerryBoats. Agora com a ponte de Guaratuba, a duplicação de rodovia e investimentos nas áreas urbanas, o litoral do Paraná se equipara ao de Santa Catarina”, disse Formighieri que complementou: “O litoral do Paraná já mudou, e vai continuar mudando ainda”.
O tom, no entanto, mudou quando o debate chegou ao tema da venda da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar). Formighieri classificou a proposta como “inexplicável” e pediu publicamente ao governador que interrompa o processo. Segundo ele, já haveria um favorecimento a grupos próximos ao governo, com indícios de que o comprador estaria definido antes mesmo da abertura do edital. Para o diretor, a operação levantaria suspeitas de fraude e comprometeria o patrimônio público.
“Tem gente no teu governo que está te traindo. Não permita a venda da Celepar. Tem muita coisa na empresa que não permite que o Governo se desfaça dela. O interesse do Paraná está sendo vilipendiado”, afirmou Marcos.
Ele ainda destacou o trabalho do Presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi. “Sem alarde, sem gritaria, ele moralizou e continua a moralização da ALEP. Hoje, se for fazer uma pesquisa com os deputados, a maioria deles mudou de ideia e é contrário a venda da Celepar”.
Outro ponto de crítica foi direcionado à gestão do Porto de Paranaguá. Formighieri relatou uma operação considerada suspeita: uma área portuária vendida por R$ 1 milhão em parcelas teria sido revendida, pouco tempo depois, por R$ 36 milhões. Ele questionou a origem dos R$ 500 milhões prometidos pelos novos donos como investimento e sugeriu que recursos ilícitos, oriundos de contrabando ou tráfico, poderiam estar envolvidos. O jornalista também chamou atenção para o risco de privatização do Canal da Galheta e pediu uma fiscalização rigorosa sobre as operações portuárias.
“Querem privatizar água, mar. E tem um deputado federal aí, que está apadrinhando isso. Inclusive colocou um empregado dele que fiscaliza essa questão de portos. É mais uma sacanagem, uma bandalheira que querem fazer”, explicou.
Na mesma linha de críticas, Formighieri resgatou a venda da Copel, classificada por ele como “uma barbaridade”. Para o diretor, o processo careceu de transparência e resultou em prejuízos ao Estado. Ele citou como exemplo a negociação da Copel Telecom, vendida por valor inferior ao que havia sido investido pelo governo anterior na implantação da rede de fibra ótica.
Encerrando sua análise, o diretor da Gazeta do Paraná voltou ao tema da Celepar e reforçou seu apelo para que o governador Ratinho Júnior suspenda a privatização da companhia. Ele ainda pediu investigações mais aprofundadas sobre as suspeitas relacionadas ao Porto de Paranaguá e às operações envolvendo empresas estratégicas do Estado. “É hora de dar um basta. Não podemos permitir que o patrimônio público seja negociado de forma nebulosa”, concluiu.
