Curitiba já arrecadou mais de R$ 665 milhões com infrações por radares

A Gazeta do Paraná publica nesta edição mais uma reportagem sobre a “indústria da multa” no Paraná. Desta vez, a GP apurou quantas multas foram aplicadas desde início da operacionalidade do sistema de fiscalização eletrônica na cidade de Curitiba. Além de Cascavel a Fiscal Tecnologia e Automação Ltda ou Fiscal Tech que está à frente do sistema de radares através de dois consórcios na Capital. E mesmo diante de indícios de fraudes e denúncias no processo licitatório em abril de 2021, ambos os consórcios ganharam o certame e seguem ativos.

Um levantamento feito pela superintendência de Trânsito da Secretaria Municipal de Defesa e Trânsito de Curitiba a pedido da Gazeta do Paraná, mostra que desde 2022 até abril deste ano foram aplicadas 5.293.356 milhões de multas pelos consórcios na Capital.

No primeiro ano, em 2022, foram aplicadas 1.531.945 infrações (623.352 por excesso de velocidade corresponde a 40,69% e 51.645 corresponde por avançar o sinal vermelho, ou seja, 3,37%). No ano seguinte, em 2023, o número aumentou foram aplicadas: 1.701351 infrações (sendo 39.81%, ou 677.302 por excesso de velocidade e 4,07%, ou seja, 69.317 multas por avanço de sinal vermelho). No passado, em 2024 foram aplicadas 1.652.305 infrações, sendo 43,24% (714.425) delas por excesso de velocidade e 4,14% (68.437) por avançar o sinal vermelho.

Somente neste ano, de janeiro a abril foram aplicadas 407.755 mil multas (182.508 por excesso de velocidade o que representa 44,76% e 20.372, ou seja, 5% delas foram por avanço do sinal vermelho nas ruas da capital.

São eles: Consórcio Monitora Curitiba (formado pelas empresas Velsis Sistemas de Tecnologia Viária S.A. e a Dataprom Equipamentos e Serviços de Informática Industrial Ltda) e Consórcio das Araucárias (Perkons S.A. e Fiscal Tecnologia e Automação Ltda). Na época o certame foi dividido em dois lotes no valor máximo que era um pouco mais de R$ 67 milhões.

A Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou em abril passado um projeto de lei que prevê maior transparência em relação às multas de trânsito na capital, foi aprovado por unanimidade em primeira discussão no plenário. O que chama atenção é que ao longo de 2024 a prefeitura de Curitiba arrecadou R$ 222 milhões com infrações (dados do relatório enviado à Câmara). Ao menos R$ 92 milhões foram com multas dos dispositivos de fiscalização eletrônica. O valor é 187% maior, ou seja, mais de três vezes do que o valor recebido em 2020, quando foram arrecadados R$ 32 milhões.

A arrecadação total bruta desde o início da fiscalização dos radares em Curitiba alcançou uma “bagatela” de R$ 665.882.854,00 até o momento. Desde então a Secretaria Municipal de Defesa e Trânsito de Curitiba publica a cada três meses informações dos valores arrecadados com multas, além do destino desses valores.

 

Flávia Francischini

A deputada Flávia Francischini (União) foi agente da Polícia Federal entre 2006 a 2010, também foi Secretária Municipal Antidrogas e ocupou cargos de defensora pública. Foi eleita vereadora em Curitiba entre 2020 e 2022 pelo União Brasil e, neste período, criou um projeto de lei na época para cobrar mais transparência no sistema de radares na Capital.

A proposta de lei foi aprovada com objetivo de cobrar um relatório trimestral das multas aplicadas por cada equipamento. No relatório a parlamentar solicitou que deverá trazer as seguintes informações: o endereço do equipamento; o número de multas aplicadas em cada mês, total do trimestre, os percentuais mensais e trimestrais de cada equipamento em relação ao total de multas e um “link” para acesso aos estudos técnicos que justificaram a sua instalação. “Ainda como vereadora eu propus um projeto de lei que tem por objetivo dar mais transparência para a operação dos radares. O projeto foi aprovado recentemente na Câmara Municipal de Curitiba e eu estou muito feliz porque o prefeito Eduardo Pimentel já disponibilizou todas as informações atualizadas no Portal da Transparência da Prefeitura de Curitiba. Estamos avançando nesse assunto, mas ainda tem muita melhora pela frente!”, pontua Francischini.

Segundo a Secretaria Municipal de Defesa e Trânsito de Curitiba os valores arrecadados com as infrações são divididos e repassados para outras pastas. São distribuídos para policiamento, educação no trânsito, sinalização, entre outros.

 

CURITIBA

Arrecadação com as multas

 

2022

Valor bruto arrecadado: 161.433.915,90 

Gastos com sinalização, engenharia de tráfego e campo, policiamento e fiscalização, educação no trânsito: 112.773.725,19

 

2023

220.458.149.38 valor bruto arrecadado

Gastos: 144.444.030,25

 

2024

222.989.283,83 valor bruto arrecadado

141.039.811,26 gastos

 

2025

61.001.505,39 valor bruto arrecadado primeiro trimestre ano

31.308.959.85 gastos no primeiro trimestre.