CPI avança na investigação sobre abuso em Cmei de Cascavel

Depoimentos das mães das crianças serão colhidos em sigilo na sexta-feira, informa relator/vereador Hudson Moreschi

Por Eliane Alexandrino

CPI avança na investigação sobre abuso em Cmei de Cascavel Créditos: Eliane Alexandrino

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de abuso sexual em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) de Cascavel avança nas apurações. O tema foi detalhado pelo vereador Hudson Moreschi (Podemos), relator da CPI, durante participação no GCast, podcast da Gazeta do Paraná, transmitido no programa Gazeta Entrevista.

“Como todos sabem, já tenho experiência de atuação em conselhos e na administração em assuntos relacionados à violação de direitos de crianças e adolescentes. Creio que, com isso, posso colaborar tecnicamente com meus pares na CPI e produzir um relatório que não apenas aponte as falhas que possam ter ocorrido, mas, principalmente, que evite que isso se repita”, afirmou Moreschi.

A CPI é presidida pelo vereador Tiago Almeida (Republicanos) e composta também pelos vereadores Everton Guimarães (PMB), Dr. Lauri (MDB), Valdecir Alcantara (PP) e Mazzuti (PL).

Segundo Moreschi, a comissão já solicitou acesso integral aos processos físicos ligados ao caso e convocou as mães das crianças envolvidas para prestarem depoimentos nesta sexta-feira (12), em ambiente reservado e sob sigilo. Quatro mães que denunciaram o caso já foram ouvidas na semana passada.

“Nós temos que ter todo o cuidado em relação a essas informações por se tratarem de menores. Vejo que temos uma comissão técnica e madura, com responsabilidade para conduzir este processo da melhor forma possível. As mães foram notificadas e haverá todo um sigilo sobre o local de colhimento dos depoimentos. São questões delicadas, que envolvem onde e como ocorreram os abusos. Não podemos permitir que esses direitos das crianças sejam violados novamente”, ressaltou Moreschi.

Apuração de responsabilidades

A primeira reunião da CPI ocorreu na semana passada. O foco inicial é compreender o que de fato aconteceu, identificar responsabilidades e apontar melhorias para garantir mais segurança às crianças que frequentam os Cmeis do município.

Entre os documentos requisitados pela CPI estão o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) nº 4118, a Sindicância nº 59.175/2025 e a Investigação Preliminar Sumária nº 49.438/2020, que deu origem ao procedimento contra o servidor suspeito. Após conclusão e aprovação do relatório pela Câmara, o documento será encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Executivo.

 Quem é o suspeito?

O principal investigado é um servidor que atuava em um Cmei de Cascavel. Ele chegou a ser condenado a 30 anos de prisão por estupro de vulnerável pelo 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e Vara de Crimes Contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Cascavel. O crime teria ocorrido contra uma criança de apenas 3 anos, em 2019.

Outro ponto que chama a atenção é que o servidor já havia sido demitido do serviço público em 2024, após conclusão de um processo administrativo disciplinar. Com isso, não foi possível ao Judiciário decretar a perda do cargo, uma sanção prevista em casos como este.

O recesso legislativo começa na próxima semana, mas os trabalhos da CPI seguem em andamento, inclusive durante o período de pausa das sessões ordinárias.

Foto: Eliane Alexandrino

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