O feriado de Natal, que deveria ser de celebração, foi na verdade de tristeza para várias famílias do Paraná. Foram ao todo, 15 mortes registradas nas rodovias federais do estado, desde o dia 20 de dezembro. 12 dessas mortes ocorreram em acidentes que envolveram caminhões e ônibus. E muito deles, além é claro, da imprudência dos condutores, tem ligação também com as más condições das rodovias do Paraná. Mesmo com as concessões rodoviárias tomando forma no estado, várias rodovias ainda estão e ficarão desassistidas, sendo acompanhadas apenas dos trabalhos do Departamento de Estradas e Rodagens (DER/PR), que não consegue fazer um trabalho de excelência em todos esses pontos. Isso se reflete em vias com problemas que podem ser fatais para os motoristas.

Em comparação com a operação de Natal de 2023, o cenário do feriado manteve-se estável no quantitativo de óbitos: ano passado foram registrados 10 mortes em quatro dias de operação, uma média de 2,5 mortes por dia, assim como este ano. 

O potencial lesivo em acidentes de veículos de grande porte fica claro ao se comparar os números gerais: embora estejam presentes na maioria dos acidentes com óbitos, apenas 30 acidentes, do total de 142, envolveram estes acidentes.

A ocorrência de maior gravidade foi registrada em Paulo Frontin (PR), na BR-476, já no final da operação, no dia 25. Uma ambulância, com quatro ocupantes, bateu contra um caminhão que transitava no sentido oposto. Três passageiros da ambulância acabaram mortos na hora e o motorista gravemente ferido. O condutor da ambulância chegou a ser levado até uma Unidade Hospitalar, mas morreu após o atendimento. No caminhão, os dois ocupantes tiveram lesões leves. Chovia no momento do acidente, em uma curva em pista dupla.

O deputado estadual e futuro presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi, lamentou o acidente e prestou solidariedade aos familiares das vítimas.

“Minha solidariedade às famílias das quatro vítimas do trágico acidente na BR-476, em Paulo Frontin. Três eram socorristas do Samu de São Mateus do Sul, e a quarta, um paciente que eles transportavam. Que Deus conforte o coração de todos neste momento de dor”, disse o deputado em suas redes sociais.

Foram registrados 142 acidentes durante os seis dias de operação no Paraná, resultando em 121 pessoas feridas. Conforme o balanço da PRF, os acidentes com mortos estão associados a fatores humanos, como o excesso de velocidade, a falta de atenção à condução e ultrapassagens proibidas ou malsucedidas.

Na BR-163, entre Guaíra e Mercedes, o mesmo ponto teve dois acidentes fatais em um intervalo de três dias. No dia 23, segunda-feira, um empresário cascavelense de 41 anos morreu após perder o controle da direção da sai motocicleta e sofrer uma queda violenta. Já na tarde de Natal, outra morte no mesmo ponto. Manoel Cezar, de 28 anos seguia pela rodovia nas proximidades da Ponte do Rio Guaçu, quando perdeu o controle da direção na antiga curva do radar, e bateu contra o guard-rail, morrendo no local.

Segundo a PRF, as causas dos acidentes no local geralmente resultam de uma combinação de fatores, incluindo alta velocidade, descidas acentuadas e trechos sinuosos. Motoristas que frequentam o local apontam defeitos da rodovia nesse trecho como uma das causas desses acidentes trágicos. O trecho é sinuoso e um erro em alta velocidade é muito difícil de ser corrigido a tempo, conforme o relato da Polícia.

Em Toledo também teve tragédia: Na véspera de Natal, um grave acidente ocorreu na PR-317 resultou na morte de um homem.

Segundo as informações repassadas pela Polícia Rodoviárias, um Chevrolet Vectra trafegava no sentido Ouro Verde do Oeste-Toledo quando tentou realizar uma ultrapassagem e colidiu frontalmente com um caminhão que seguia no sentido contrário. O condutor do Vectra, que estava sozinho no veículo, morreu na hora.

Pesquisa comprova problemas nas estradas

A pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) revelou que as rodovias estaduais e federais do Paraná estão em condições cada vez mais precárias. O levantamento constatou um aumento significativo na quantidade de estradas classificadas como "ruins", com impactos diretos na economia do estado.

Segundo a CNT, 20% das rodovias paranaenses avaliadas estão em más condições, um aumento de 6% em relação ao ano passado. Essa situação, especialmente no interior do estado, gera atrasos nas entregas, aumenta os custos de transporte e coloca em risco a segurança dos motoristas.

A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar) alerta que as estradas deterioradas elevam o custo do frete em até 30%, impactando diretamente o consumidor final.

Os órgãos responsáveis pela manutenção das rodovias, como o DER-PR e o DNIT, alegam estar investindo em melhorias e realizando ações de manutenção. No entanto, os resultados da pesquisa da CNT indicam que essas medidas ainda não foram suficientes para reverter o quadro de deterioração.

As consequências da má conservação das rodovias paranaenses são sentidas por todos os setores da sociedade. Produtores rurais, transportadores, comerciantes e consumidores são diretamente afetados pelos problemas causados pelas estradas em más condições.

Conforme o levantamento, que foi realizado entre os meses de junho e julho deste ano, o número de trechos em más condições subiu de 14% para 20% no estado. Em compensação, o número de estradas avaliadas como “ótimas” foi de apenas 6%, uma queda pela metade em relação a 2023, quando 12% dessas rodovias tinham a avaliação como ótima.

As duas piores condições de estradas no Paraná estão no Oeste do estado: o trecho que liga Marechal Cândido Rondon a Medianeira na PR-495 e o trecho que conecta Toledo e Santa Helena na PR-317 são avaliados como péssimos. E isso se reflete em acidentes. Em um levantamento feito pela Gazeta do Paraná, as duas rodovias estão entre as que mais se registram acidentes na região.

Duas rodovias federais no Sudoeste do estado e no Centro-Sul também apresentam situações críticas: a BR-158 entre Palmital e Laranjeiras do Sul e a BR-280 entre Marmeleiro e Barracão. Ambas as rodovias irão integrar o Lote 5 das concessões rodoviárias do Paraná, que deve ser leiloado no meio do ano que vem.

Governo celebra obras

O Governo do Paraná, em sua retrospectiva anual, celebrou um investimento de R$ 4 bilhões em obras nas rodovias que pertencem ao estado. Conforme o estado, de um total de cerca de R$ 4 bilhões em contratos próprios, parcerias e acordos, R$ 1.062.320.419,40 foram executados nos serviços destas obras somente este ano.