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Colisões frontais e atropelamentos concentram 46% das mortes nas rodovias em 2024

Os atropelamentos guardam uma relação direta com a falta de luminosidade natural. Oito em cada dez mortes de pedestres (79 de 97) ocorreram à noite

Por Gabriel Porta Martins

Colisões frontais e atropelamentos concentram 46% das mortes nas rodovias em 2024 Créditos: PRF/Divulgação

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou um balanço das ocorrências de trânsito registradas em 2024 nas rodovias federais que cortam o Paraná. O levantamento revela um aumento de 8,2% no número de mortes em comparação ao ano anterior. Foram 605 óbitos em acidentes de trânsito, contra 559 registrados em 2023. 

Segundo o relatório, o crescimento nas fatalidades é impulsionado por dois tipos de acidentes: colisões frontais, que aumentaram 19,8%, e atropelamentos de pedestres, com alta de 13,3%. Apesar de representarem apenas 6,3% do total de acidentes, as colisões frontais foram responsáveis por 181 mortes, o equivalente a cerca de 30% do total de óbitos. Esse tipo de sinistro, causado principalmente por ultrapassagens proibidas ou malsucedidas e excesso de velocidade, teve aumento na gravidade, já que o percentual de ocorrências em relação ao total de acidentes se manteve praticamente o mesmo.

Os atropelamentos de pedestres também chamam atenção pela desproporção entre o número de acidentes e a quantidade de mortes. Embora representem apenas 4,3% dos sinistros, os atropelamentos foram responsáveis por 16% das mortes, com 97 pedestres mortos em 2024. Em um terço dos casos, os atropelamentos resultaram em óbito, evidenciando a vulnerabilidade dos pedestres no trânsito.

A PRF destacou que a falta de luminosidade natural é um fator relevante nesses acidentes. Cerca de 79 das 97 mortes de pedestres ocorreram à noite ou em horários de baixa visibilidade, como o amanhecer e o anoitecer. Além disso, 89% dos atropelamentos nesses períodos aconteceram em locais sem iluminação artificial.

Para reduzir os riscos, a PRF orienta motoristas a diminuírem a velocidade e manterem os equipamentos dos veículos em boas condições, enquanto os pedestres devem usar roupas claras, lanternas ou coletes refletivos, e caminhar no sentido contrário ao tráfego.

A PRF reforçou suas ações em duas frentes principais para combater a violência nas rodovias: fiscalização de condutas de risco e educação para o trânsito. Em 2024, mais de 19 mil motoristas foram flagrados realizando ultrapassagens proibidas, o que representa uma média de 53 infrações por dia. Já o uso de radares registrou 341 mil flagrantes de excesso de velocidade, com mais de 930 autuações diárias.

O excesso de velocidade continua sendo uma das principais causas prováveis de acidentes, somando 39,1% dos sinistros registrados no ano. Entre as causas relacionadas estão a ausência de reação do condutor, reação ineficiente e o próprio excesso de velocidade.

Durante o ano, mais de 142 mil pessoas participaram de ações diversas de educação da PRF, o equivalente a 389 pessoas por dia. Em 2024, por exemplo, como parte dessas ações de educação, a PRF trouxe para o estado uma carreta adaptada para funcionar como cinema rodoviário. Com este equipamento, em fiscalizações nas rodovias e em eventos, a PRF levou vídeos e palestras de segurança viária a adultos e crianças

 

Caminhões

Embora representem apenas 4,7% da frota de veículos no Paraná, os caminhões estiveram presentes em 51% das mortes registradas em sinistros de trânsito nas rodovias federais do estado em 2024. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam que, dos 2.136 acidentes envolvendo veículos de carga no ano passado, 313 resultaram em óbitos. Esse número representa um aumento de 7,56% em relação a 2023, quando 291 mortes foram registradas.

A desproporção entre a quantidade de acidentes e a gravidade dos resultados reflete o impacto que a diferença de massa entre os veículos pode gerar. Embora os caminhões tenham participado de 29% das ocorrências, eles foram responsáveis por mais da metade das fatalidades, reforçando a preocupação com a segurança nas estradas.  

Outro dado alarmante envolve os sinistros causados por falhas mecânicas em caminhões. Apesar da redução de 278 para 218 acidentes relacionados a problemas nos veículos, as mortes subiram 30%, passando de 30 para 39 óbitos. 

Para tentar reduzir o impacto dos veículos de carga na violência viária, a PRF intensificou a fiscalização. Em 2024, quase metade das 260 mil abordagens realizadas no Paraná foram direcionadas a caminhões. Entre os motoristas de veículos pesados, houve um aumento significativo nos flagrantes de condutores dirigindo sem o descanso obrigatório, saltando de 2.582 para 5.955 ocorrências, um crescimento de 130%.

Outra irregularidade frequente foi o excesso de peso transportado por caminhões. Mais de 12,5 milhões de quilos foram encontrados acima do permitido, com as empresas responsáveis autuadas e obrigadas a ajustar a carga para prosseguir viagem. Essa prática não apenas desgasta precocemente as rodovias, mas também compromete o desempenho do veículo, dificultando frenagens e aumentando os riscos de tombamentos. Como reflexo, os tombamentos de caminhões nas rodovias federais paranaenses cresceram de 245 para 270 em 2024, resultando em 19 mortes – cinco a mais que no ano anterior.  

Os dados reforçam a necessidade de atenção às condições de veículos de carga e ao cumprimento das regras de trânsito para preservar vidas. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os veículos de maior porte têm a responsabilidade de zelar pela segurança dos menores, uma regra que ganha ainda mais relevância diante das estatísticas preocupantes. A PRF continua investindo em fiscalização e conscientização para combater as irregularidades e reduzir os índices de mortalidade no trânsito envolvendo caminhões.

 

Sinistros de trânsito

Os dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que o número de mortes nas rodovias federais do Paraná cresceu 8,2% em 2024. Foram 605 óbitos registrados ao longo de 7.302 sinistros, que também resultaram em 8.372 feridos. Em comparação com 2023, os números são superiores, já que naquele ano foram registrados 6.827 sinistros, com 7.804 feridos e 559 mortos. O aumento mais significativo foi no número de mortes, demonstrando uma maior gravidade nos sinistros. No total, 18.076 pessoas estiveram envolvidas em ocorrências registradas pela PRF no estado, considerando feridos e ilesos.

Desde 2023, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) adotou a nomenclatura "sinistros" em substituição ao termo "acidentes", alinhando-se à atualização da norma técnica NBR 10697, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A mudança visa reforçar que esses eventos não são inevitáveis ou imprevisíveis, mas sim evitáveis, com as mortes e lesões decorrentes sendo fruto de condutas inadequadas ou falhas evitáveis. Cerca de 54% das mortes em 2024 ocorreram em rodovias de pista simples, cenário onde as ultrapassagens na contramão aumentam o risco de colisões frontais, responsáveis pelos impactos mais graves. Essa configuração de via exige atenção redobrada dos motoristas para evitar tragédias.  

A PRF também registrou sinistros que envolvem lesões ou mortes, danos ambientais, vazamento de produtos perigosos e situações jurídicas complexas, como motoristas alcoolizados ou inabilitados.