Brasil tem pela primeira vez três mulheres no automobilismo internacional
Número de mulheres nas pistas cresce também no cenário nacional. Rafaela Ferreira e Aurélia Nobels (ambas na Formula 1 Academy) e Maria Nienkötter (TCR South America Banco BRB) representam o país no exterior
Por Luciano Neves

Neste sábado, 08 de março, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher. Nesta data, a catarinense Maria Nienkötter, de 18 anos, estará em contagem regressiva. Praticamente três semanas depois, no dia 28, em Rosário (Argentina), a jovem de Florianópolis fará seu primeiro treino oficial para estrear no TCR South America Banco BRB, campeonato continental no qual Maria será representante do Brasil.
A catarinense será a terceira competidora brasileira confirmada no automobilismo internacional durante a temporada 2025, um recorde para o país. As demais são Aurélia Nobels, 18 anos, e Rafaela Ferreira, 19, ambas escaladas para disputar a Formula 1 Academy, categoria organizada pela FIA com o propósito de revelar talentos femininos. Aurélia, Rafaela e Maria tiveram suas carreiras beneficiadas por competições organizadas pela Vicar, principal promotora do automobilismo sul-americano.
No Brasil, o cenário para as mulheres no automobilismo tem se mostrado cada vez mais promissor. Por exemplo, em 2025 haverá competidoras lutando por vitórias e títulos em quatro dos seis campeonatos organizados pela Vicar: Kaká Magno e Bruna Tomaselli na Stock Light (categoria de acesso à BRB Stock Car Pro Series); Bia Martins, Maria Luiza Bedin, Renata Camargo e Bruna Dias na Turismo Nacional, e Maria Nienkötter na TCR South America Banco BRB e também na TCR Brasil Banco BRB.
Entre as que estiveram ativas em 2024 e as que já anunciaram seus planos para a atual temporada, há pelo menos 16 pilotas e quatro navegadoras (que disputam campeonatos de rally) que devem competir no país em 2025. Somando com as três pilotas que irão disputar campeonatos internacionais, a atual temporada contará pelo menos 23 brasileiras em categorias de ciclos profissionais do automobilismo.
Tradição
A história do automobilismo brasileiro possui exemplos de mulheres que buscaram seu espaço em um esporte tradicionalmente masculino, mas que atualmente se esforça para abrir espaços para novas profissionais dentro e fora das pistas.
Regina Calderoni foi a primeira mulher a correr na Stock Car, na geração dos Opalas, em 1984. Suzane Carvalho foi campeã brasileira e sul-americana de Fórmula 3, na categoria B, em 1992, sendo a primeira mulher a faturar um título na categoria em todo o mundo, fato que foi registrado pelo Guinness Book, o livro dos recordes. Suzane também coleciona conquistas em duas rodas, como o título da Copa Honda CBR 500R, além de dar sequência à sua carreira nas pistas como instrutora de pilotagem.
Cristina Rosito também tem na sua galeria diversas conquistas e já correu com carros, caminhões e motocicletas. Outro nome bem conhecido dos fãs é Débora Rodrigues, que começou a correr de caminhões há quase 30 anos, em 1998, sendo até hoje uma das estrelas da Copa Truck.
Mas a brasileira de maior êxito no automobilismo até o momento é Bia Figueiredo. Inspiração para as gerações mais jovens, a paulista alcançou grandes façanhas, como a vitória no oval de Nashville na Indy Lights. Foi também a primeira representante feminina do país a disputar uma das provas mais desafiadoras do mundo: as 500 Milhas de Indianápolis. Bia correu na Fórmula Indy entre 2010 e 2013, competiu nas 24 Horas de Daytona e nas 12 Horas de Sebring, acelerou no TCR South America Banco BRB em 2022 e tem um cartel de 126 largadas na Stock Car. Em 2024, tornou-se campeã da Copa Truck na classe Elite.