GCAST

Aprovação de Lula cresce e ultrapassa rejeição após embate com Trump

Posicionamento firme do governo brasileiro diante das ameaças tarifárias dos Estados Unidos contribuiu para melhora na percepção popular

Por Da Redação

Aprovação de Lula cresce e ultrapassa rejeição após embate com Trump Créditos: Ricardo Stuckert / PR

A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a superar a rejeição, conforme aponta a pesquisa Latam Pulse, elaborada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (31), indica que 50,2% dos brasileiros aprovam a atuação de Lula, enquanto 49,7% desaprovam. É a primeira vez em 2025 que a aprovação do presidente fica acima da rejeição dentro dessa sondagem, o que não ocorria desde outubro de 2024.

O cenário favorável se formou em meio à tensão diplomática com os Estados Unidos, quando o presidente Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. A resposta do governo brasileiro, com críticas públicas e articulações diplomáticas, acabou repercutindo positivamente junto à opinião pública.

Segundo o levantamento, a imagem pessoal de Lula também apresenta recuperação: 51% dos entrevistados têm uma visão positiva sobre o presidente, contra 48% que manifestam opinião negativa. Entre junho e julho, a melhora na percepção positiva cresceu 4 pontos percentuais, consolidando uma tendência de recuperação.

Ainda assim, o governo federal segue enfrentando resistência: 48,2% dos entrevistados classificam a gestão como “ruim” ou “péssima”, enquanto 46,6% avaliam como “ótima” ou “boa”. Apesar do saldo negativo, a diferença entre os extremos diminuiu, acompanhando a melhora na imagem pessoal do presidente.

Entre as ações mais bem avaliadas da atual gestão estão a ampliação da gratuidade de medicamentos pelo programa Farmácia Popular, a isenção de Imposto de Renda para salários de até R\$ 5 mil, a retirada de garimpeiros de terras indígenas, a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, o Desenrola Brasil e o avanço nas tratativas entre Mercosul e União Europeia.

Por outro lado, algumas decisões do governo continuam recebendo críticas, como a comparação entre as ações de Israel na Faixa de Gaza e o nazismo, a exclusão de empresas públicas do programa de privatizações, o aumento do IOF e a chamada “taxa das blusinhas”.

Queda de imagem na oposição

Enquanto Lula apresenta sinais de recuperação, a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofreu novo desgaste. De acordo com a mesma pesquisa, o ex-mandatário tem hoje 55% de rejeição e apenas 44% de aprovação. Sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, também enfrenta queda na popularidade, com 54% de desaprovação e 42% de aprovação.

Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) aparece com 52% de rejeição. Entre os nomes aliados a Bolsonaro, apenas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apresenta saldo positivo: 47% o aprovam, contra 46% que desaprovam.

No governo, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) seguem com avaliações predominantemente negativas. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin apresenta empate técnico: sua atuação divide igualmente aprovação e rejeição.

Sobretaxa imposta por Trump

Levantamento do instituto PoderData, também divulgado nesta quinta-feira (31), mostra que a maior parte da população atribui à família Bolsonaro a responsabilidade pelas sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Entre os entrevistados que estavam informados sobre o tarifaço anunciado em 9 de julho, 46% apontaram o ex-presidente e seus filhos como principais responsáveis, enquanto 32% culpam o presidente Lula. Outros 23% disseram não saber de quem é a culpa.

A pesquisa revelou ainda um dado curioso: até entre os eleitores de Jair Bolsonaro, 34% admitem que o ex-presidente e seus familiares têm responsabilidade na crise. Por outro lado, 40% desse grupo culpam Lula. Entre os eleitores do petista, 55% atribuem a culpa ao clã Bolsonaro, e 26% consideram Lula responsável. A parcela que não soube responder chega a 19%.

Um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente vive nos Estados Unidos em situação de afastamento informal da política nacional. Ele tem afirmado possuir influência no cenário americano e chegou a defender novas sanções contra o Brasil.

O aumento das tarifas, inicialmente previsto para começar em 1º de agosto, foi adiado para o dia 6. O governo americano também decidiu retirar da lista cerca de 700 produtos brasileiros, após reações negativas e pressões diplomáticas.

Acesse nosso canal no WhatsApp