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Tacla Duran acusa ex-procurador da Lava Jato em Curitiba de receber propina em esquema de proteção na operação

Por Giuliano Saito


Acusações de Tacla Duran foram feitas em processo que envolve o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas. Em outro processo da operação, Tacla é réu por lavagem de dinheiro. g1 procura contato com defesa de Carlos Fernando dos Santos Lima. Rodrigo Tacla Duran prestou depoimento na segunda (27) à Justiça Federal Reprodução O advogado Rodrigo Tacla Duran acusou, em condição de testemunha, o ex-procurador da República e ex-procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, de receber pelo menos R$ 750 mil em “esquema de proteção” na operação, em Curitiba. A acusação foi feita ao juiz da 13ª Vara Federal, Eduardo Appio, na terça-feira (10). O g1 procura a defesa de Carlos Fernando para comentar o caso. Tacla, que é réu por lavagem de dinheiro em outro processo da operação, foi ouvido pelo juiz Appio após ser indicado em um processo do ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, em que é investigada corrupção na Odebrecht. O advogado trabalhou para várias empreiteiras alvo da operação, como Odebrecht, UTC e Mendes Junior. No depoimento, Tacla disse o dinheiro era enviado para o ex-procurador por meio de três advogados ligados a ele. Frente às acusações o juiz enviou o caso para a Polícia Federal do Paraná (PF). O depoimento Tacla Duran cita pelo menos quatro doleiros envolvidos no esquema, entre eles, o chinês Wu-Yu Sheng, já falecido. De acordo com o depoimento de Tacla, o doleiro recebia dinheiro dos advogados, sacava em espécie, e entregava em escritórios para os valores serem repassados ao ex-procurador. “Esses 750 mil dólares que o Wu recebeu nessa conta, ele entregou, em espécie, nos endereços dos escritórios [...] Escritórios dos quais esses valores se destinavam ao dr. Carlos Fernando Santos Lima, do pai dele, que rotineiramente frequentavam esses escritórios”. Tacla Duran também afirmou que os pagamentos faziam parte de um esquema de proteção que envolvia não só Wu, mas outras pessoas. “Essa proteção, ela era praticada diante a cobrança de uma taxa para que o dr. Carlos Fernando se comprometesse a não persecução penal desses doleiros que participavam da mesada, entre eles o Wu. Ele passou ajudar a pagar esse valor todo mês, por muito tempo.” ‘Perseguição’ Sobre a investigação da operação na Odebrecht, Tacla Duran afirmou que houve “perseguição” a executivos da empresa. O objetivo, de acordo com ele, era forçar delações, mesmo que não existissem provas. Ele cita como exemplo o caso de um executivo do Equador que, na ausência de provas e frente à pressão da operação, “passou a montar, forjar provas, pra poder oferecer elementos aos procuradores para que se justificasse um acordo”. “Essa era a regra do jogo naquele momento em Curitiba. Tem que deletar quem, e o que era exigido, se não quem estava preso, não tinha liberdade, e quem não tava preso era intimidado e coagido intensamente pra fazer o acordo.” *Reportagem em atualização. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.