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Sistema Fiep critica proposta de redução da jornada de trabalho e defende manutenção da escala 6x1

Segundo o Sistema Fiep, o debate ocorre em um contexto de fragilidade estrutural da economia nacional

Por Da Redação

Sistema Fiep critica proposta de redução da jornada de trabalho e defende manutenção da escala 6x1 Créditos: CNI/José Paulo Lacerda/

O debate sobre a redução da jornada de trabalho, especialmente a proposta de alteração do modelo conhecido como escala 6x1, voltou a ganhar força no cenário nacional e tem mobilizado diferentes setores da sociedade após a aprovação da pauta na CCJ - Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, no dia 10 de dezembro. Enquanto movimentos sociais e entidades ligadas aos trabalhadores defendem mudanças sob o argumento de melhoria da qualidade de vida e redução do desgaste físico e mental, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) se posicionou de forma contrária à proposta.

Em nota oficial assinada pelo presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcellos, a entidade criticou a possibilidade de redução da jornada sem corte de salários e alertou para os impactos que a medida pode gerar na economia brasileira. O documento sustenta que, embora o tema tenha forte apelo social, é necessário avaliar de maneira técnica e responsável as consequências econômicas de uma eventual mudança nas regras atuais.

Segundo o Sistema Fiep, o debate ocorre em um contexto de fragilidade estrutural da economia nacional. A entidade destaca que o Brasil enfrenta, há décadas, um cenário de baixa produtividade, elevada carga tributária, dificuldades para modernizar o ambiente de negócios e limitações no avanço tecnológico. Na avaliação da federação, esses fatores reduzem a competitividade do país frente a economias que conseguiram crescer de forma acelerada, como China e Índia, por meio de investimentos consistentes em inovação e qualificação da mão de obra.

A nota aponta que a redução da jornada de trabalho sem um aumento correspondente de produtividade gera, de forma imediata, elevação do custo do trabalho por unidade produzida. Para o Sistema Fiep, esse impacto é ainda mais sensível em setores intensivos em mão de obra, como a indústria, o comércio e os serviços essenciais, que operam com margens reduzidas e enfrentam forte concorrência, inclusive internacional.

De acordo com o posicionamento da entidade, empresas pressionadas pelo aumento de custos tendem a reagir de três formas: repasse dos custos ao consumidor, o que pode pressionar a inflação; redução do quadro de funcionários ou da capacidade de expansão, afetando a geração de empregos; ou ainda a transferência de investimentos para países considerados mais competitivos. Na avaliação do Sistema Fiep, nenhuma dessas alternativas resulta em benefício efetivo para o trabalhador.

“Se a jornada diminui, e o salário permanece igual, e a produtividade não aumenta, então o custo do trabalho por unidade produzida sobe imediatamente”, diz a nota divulgada pelo Sistema Fiep.

O documento também rebate comparações frequentes com países desenvolvidos que adotaram jornadas menores. Para a federação, essas economias operam em realidades muito distintas, com níveis elevados de produtividade por hora trabalhada, ampla adoção tecnológica, sistemas educacionais consolidados, estruturas tributárias mais eficientes e custos logísticos inferiores. No entendimento da entidade, tentar aplicar o mesmo modelo ao Brasil, sem resolver gargalos históricos, tende a aprofundar problemas já existentes.

Ao tratar dos impactos no dia a dia da população, a nota afirma que o aumento de custos ao longo da cadeia produtiva acaba chegando ao consumidor final, elevando preços de bens e serviços essenciais. Em um país de renda média, esse movimento pode resultar em perda de poder de compra, retração de investimentos e menor oferta de empregos, transformando um benefício defendido no curto prazo em prejuízo econômico no médio e longo prazos.

Apesar de defender a manutenção da jornada atual, incluindo a escala 6x1, frequentemente apontada por trabalhadores como exaustiva, o Sistema Fiep afirma que a melhoria das condições de trabalho deve ocorrer por meio do aumento da produtividade. A entidade sustenta que avanços sustentáveis passam por modernização tecnológica, qualificação profissional, políticas industriais focadas, crédito acessível, estabilidade regulatória e simplificação tributária.

Na avaliação do Sistema Fiep, somente após avanços estruturais desse tipo seria possível discutir, de forma responsável, uma eventual redução da jornada. A nota conclui que decisões baseadas em soluções consideradas fáceis ou de forte apelo político podem gerar problemas econômicos complexos, defendendo que o debate seja conduzido com base em dados, realidade econômica e compromisso com a competitividade do país.

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