Silvinei levava carta em espanhol ao ser preso dizendo que câncer o impedia de falar e compreender ordens
Documento foi encontrado no momento da prisão do ex-diretor-geral da PRF no Paraguai; Polícia Federal aponta fuga planejada
Por Da Redação
Créditos: Polícia Paraguaia
Uma carta escrita em espanhol encontrada com o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques no momento de sua prisão, no Paraguai, afirmava que ele não poderia se comunicar verbalmente nem compreender instruções orais devido a um câncer. A informação foi divulgada pela GloboNews e integra o conjunto de elementos reunidos pela Polícia Federal (PF) na investigação que apura a tentativa de fuga do ex-dirigente.
Silvinei foi preso na madrugada desta sexta-feira (26) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, ao tentar embarcar em um voo com destino a El Salvador. Segundo as autoridades, ele havia rompido a tornozeleira eletrônica determinada por decisão judicial e deixado o Brasil sem autorização.
No documento apresentado às autoridades paraguaias, Silvinei afirma ter diagnóstico de Glioblastoma Multiforme Grau IV, um tipo agressivo de câncer cerebral. “Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme — Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais”, diz um trecho da carta encontrada com ele no momento da abordagem.
De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, a prisão foi resultado de uma ação coordenada entre a PF brasileira e as autoridades paraguaias. A operação contou com a atuação da adidância da Polícia Federal no Paraguai, responsável pela articulação com as forças de segurança locais e pelo compartilhamento de informações que possibilitou a prisão ainda no aeroporto.
— A prisão é fruto de uma ação coordenada entre a Polícia Federal do Brasil e as autoridades paraguaias, com atuação destacada da nossa Adidância no Paraguai — afirmou Rodrigues.
Fuga planejada
Segundo a investigação, a tentativa de fuga foi cuidadosamente planejada. Silvinei morava em São José, na Região Metropolitana de Florianópolis, e foi preso a cerca de 1.300 quilômetros de distância do local. A PF aponta que o plano envolveu a confecção de um passaporte paraguaio, a locação de um veículo e a saída de casa na noite de Natal, em 24 de dezembro.
Imagens de câmeras de segurança do prédio onde ele residia, obtidas pelos investigadores, mostram Silvinei deixando o local por volta das 19h, carregando um carro Polo prata com bolsas no porta-malas, não eram malas, conforme anotaram os policiais. No banco do passageiro, ele transportava sacos de ração, tapete higiênico, pote e um cachorro aparentando ser da raça pitbull. Ele vestia calça de moletom preta, camiseta cinza e boné preto.
A Polícia Federal identificou que o veículo utilizado na fuga era alugado, apesar de Silvinei possuir carro próprio, que continuava circulando normalmente pela Grande Florianópolis. As autoridades passaram a desconfiar da evasão por volta das 3h do dia 25, quando a tornozeleira eletrônica deixou de emitir sinais de GPS e, posteriormente, de GPRS, possivelmente por falta de bateria.
Ainda no dia de Natal, por volta das 20h, agentes da Polícia Penal de Santa Catarina foram até o endereço do ex-diretor da PRF, mas não obtiveram resposta. Policiais federais repetiram a diligência, também sem sucesso, o que reforçou a suspeita de fuga.
Silvinei Vasques foi diretor-geral da PRF durante o governo Jair Bolsonaro e é investigado por sua atuação durante o segundo turno das eleições de 2022, quando a corporação realizou operações em rodovias que, segundo apurações, teriam dificultado o deslocamento de eleitores em regiões onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva obteve ampla votação.
Após a prisão, ele permanece à disposição das autoridades paraguaias, enquanto o Brasil formaliza os trâmites para sua extradição.
