Presidente do Sindimoc é afastado por decisão judicial sob suspeita de desvio de recursos
Operação do Ministério Público do Paraná investiga desvio de mais de R$ 600 mil do sindicato; presidente é denunciado por 157 crimes de peculato
Por Da Redação

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, foi afastado do cargo por determinação da 10ª Vara Criminal de Curitiba. A decisão foi cumprida na manhã desta sexta-feira (04), durante operação conduzida pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), com apoio da Polícia Militar, que também realizou mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados ao sindicalista, uma residência no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, e uma chácara em Mandirituba, na Região Metropolitana.
Teixeira é réu em um processo que investiga o desvio de aproximadamente R$ 607 mil dos cofres do Sindimoc. A investigação teve início em 2015, a partir de denúncias feitas por filiados da entidade, e aponta que os recursos teriam sido apropriados indevidamente por meio de pagamentos a familiares do presidente, contratados sem exercerem funções reais no sindicato.
Segundo o MP, os desvios teriam ocorrido por meio de Recibos de Pagamento a Autônomos (RPAs), com valores mensais que variavam entre R$ 900 e R$ 5 mil. Os beneficiários seriam a esposa, a mãe, a enteada e o irmão de Anderson Teixeira. Todos eles, de acordo com a denúncia, recebiam sem prestar qualquer serviço efetivo à entidade.
Ao todo, sete pessoas foram denunciadas na ação, incluindo o próprio presidente, que responde por 157 crimes de peculato. Os demais réus também foram acusados por diversos crimes relacionados à apropriação indevida de recursos sindicais. Entre os denunciados está o advogado do sindicato, que é irmão de Anderson, a esposa e a enteada do presidente, a mãe dele e o ex-diretor financeiro do Sindimoc que também é ex-vereador de Curitiba.
O MP sustenta que foram praticados ao menos 120 atos criminosos envolvendo o grupo, com utilização dos recursos para finalidades particulares. Entre os gastos indevidos, consta a compra de bebidas alcoólicas em grandes quantidades e, conforme as investigações, a aquisição da chácara em Mandirituba, no valor de R$ 70 mil, teria sido feita com parte dos valores desviados. Parte dessa quantia teria sido repassada diretamente por Rogério Campos, segundo a apuração.
Durante a operação desta sexta-feira, os mandados de busca e apreensão tinham como objetivo localizar e recolher dinheiro armazenado nos imóveis ligados a Teixeira. O material apreendido ainda não foi divulgado oficialmente pelo MP.
A decisão da Justiça que determinou o afastamento de Anderson Teixeira do comando do Sindimoc tem efeito imediato. No entanto, até o momento, a entidade sindical afirma não ter recebido qualquer notificação formal sobre a medida judicial.
Defesa nega acusações
Em declaração à imprensa, Anderson Teixeira negou as acusações e criticou a atuação do Ministério Público. Segundo ele, o processo já está em andamento e seus familiares colaboraram com as investigações.
“Na verdade, são coisas que a gente não consegue entender por parte do Ministério Público. Se eu estou respondendo o processo e levantando as informações necessárias... As pessoas que vivem ao meu redor já abriram suas contas para investigação, já foram dar depoimento e, mesmo assim, o MP continua tentando denegrir a nossa imagem. A gente tem que ver qual vai ser a medida que vamos tomar para se proteger”, afirmou.
Apesar das acusações e da decisão judicial, Teixeira ainda não teve condenação na Justiça. O processo segue em tramitação na 10ª Vara Criminal de Curitiba. O Ministério Público reforça que o afastamento do cargo foi necessário para evitar possíveis interferências nas investigações e preservar a lisura do processo.
O Sindimoc, por sua vez, ainda não se posicionou oficialmente sobre a eventual substituição de Anderson Teixeira na presidência da entidade. A assessoria do sindicato informou apenas que não foi notificada da decisão até o momento.
As investigações prosseguem sob sigilo parcial e novas diligências não estão descartadas, segundo o MP.
