A Polícia Federal de Cascavel deflagrou, na manhã de ontem (09), a Operação Antigua, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas. Com forte atuação no Brasil e no exterior, o grupo possuía ramificações internacionais e utilizava estratégias sofisticadas para movimentar e ocultar grandes quantias de dinheiro obtidas com o tráfico.

A ação contou com o apoio do Comando de Aviação Operacional (CAOP) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI). Ao todo, foram cumpridas 54 medidas cautelares em cidades do Paraná — Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu e Boa Vista da Aparecida — e também em Monte Alegre, no Pará.

Durante o cumprimento das ordens judiciais, foram executados 10 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de sequestro e bloqueio de bens móveis, imóveis e valores dos investigados.

Segundo a PF, os líderes do grupo já haviam sido presos durante a Operação Vera Cruz, em 2012, também em Cascavel. Após deixarem a prisão, retomaram as atividades ilícitas, ampliaram a estrutura criminosa e passaram a adotar novas estratégias para dificultar a identificação e o rastreamento dos lucros provenientes do tráfico.

Cascavel era utilizada como ponto estratégico pela organização, especialmente para o fracionamento da droga. Um casal que liderava o esquema foi preso em um imóvel no Centro da cidade. Eles já haviam sido detidos no Paraguai, também em 2012, acusados de envolvimento com o tráfico.

Imagens divulgadas pela Polícia Federal mostram agentes durante buscas em uma propriedade localizada em Boa Vista da Aparecida, onde foram coletados materiais que podem contribuir com as investigações.

As investigações apontam ainda que o grupo adquiriu diversas propriedades rurais em regiões de acesso fluvial para facilitar o transporte das drogas por meio de embarcações. Ao menos oito fazendas no Pará foram compradas pelos investigados, sendo utilizadas tanto para lavagem de dinheiro quanto, possivelmente, para o armazenamento e movimentação de entorpecentes. Além das áreas agrícolas, outros imóveis também foram adquiridos para dificultar a ação das autoridades e a apreensão dos ativos do grupo.

Lista vermelha

A Justiça Federal autorizou a inclusão de dois integrantes foragidos do grupo criminoso na difusão vermelha da Interpol. Eles estão atualmente na Alemanha e são considerados peças-chave na estrutura internacional da organização.

Durante o cumprimento das medidas cautelares da Operação Antigua, a Polícia Federal apreendeu diversos bens e objetos ligados aos investigados, entre eles: 14 aparelhos celulares; 9 veículos automotores (um deles com compartimento oculto); documentos diversos; uma espingarda e 37 munições de calibres .22 e .357 e aproximadamente 500 gramas de cocaína

Além disso, todas as propriedades vinculadas ao grupo foram bloqueadas judicialmente. Até o momento, três pessoas seguem foragidas, mas seus nomes e imagens não foram oficialmente divulgados pela Polícia Federal.

Tráfico em alta

Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que, entre janeiro e março de 2025, foram apreendidas mais de 12 mil toneladas de maconha na região que abrange Cascavel — um aumento expressivo em 552% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 1,9 tonelada de apreensões. Segundo a PRF, criminosos têm adotado rotas alternativas às tradicionais BR-277 e BR-163 para tentar driblar a fiscalização.

Um exemplo disso ocorreu nesta quarta-feira (9), quando a PRF, com apoio da Polícia Militar, apreendeu 700 quilos de maconha após uma perseguição na BR-163, próximo ao distrito de Sede Alvorada, em Cascavel.

Imagens divulgadas pela PRF mostram o momento em que um motorista, ao volante de um Ford Focus, desobedece a ordem de parada e inicia uma fuga em alta velocidade pela rodovia. A perseguição durou cerca de um quilômetro e terminou com o capotamento do veículo às margens da estrada.

O condutor foi preso no local e relatou aos policiais que havia pegado a droga em Toledo e a levaria para Cascavel. A droga estava dividida em tabletes escondidos dentro do automóvel.

A operação reforça a preocupação das autoridades com a rota da droga no Oeste do Paraná, considerada uma das principais portas de entrada de entorpecentes vindos do Paraguai.

 

Créditos: Da redação