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Oposição questiona falta de transparência do projeto “Descomplica Paraná”

Conforme denúncia no TCE, somente duas empresas seriam capazes de atender os requisitos técnicos estabelecidos no edital

Por Bruno Rodrigo

Oposição questiona falta de transparência do projeto “Descomplica Paraná” Créditos: Assessoria

A condução da licitação do projeto "Descomplica Paraná", estimado em quase R$ 1 bilhão, tem gerado intensos debates na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O deputado Arilson Chiorato (PT), líder da Oposição, levantou sérias preocupações sobre a transparência e a competitividade do processo licitatório, apontando possíveis irregularidades que podem favorecer um consórcio específico.

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) recebeu uma denúncia indicando que duas empresas, Shopping do Cidadão e Marquise, integrantes do consórcio "Ceará Cidadão", seriam as únicas capazes de atender aos requisitos técnicos estabelecidos no edital. Esses itens representam mais de 50% do total a ser contratado, o que, segundo o deputado Arilson, restringe a competitividade e pode direcionar a licitação em favor dessas empresas.

"Não podemos aceitar que o governo use a pressa para fechar contratos sem debate. A transparência é indispensável para a correta aplicação dos recursos públicos", criticou o parlamentar durante sessão na ALEP.

O "Descomplica Paraná" é uma reformulação do projeto "Tudo Aqui Paraná", lançado em 2013 durante o governo anterior. Inspirado no modelo paulista "Poupatempo", o projeto original enfrentou resistência desde o início, com denúncias de irregularidades, falta de transparência e indícios de direcionamento em uma licitação de R$ 3 bilhões.

"Esse projeto já nasceu com problemas. Lá em 2013, a Oposição já denunciava irregularidades, falta de transparência e indícios de direcionamento na licitação de R$ 3 bilhões. Agora, o governo ressurge com a mesma ideia, mas sem corrigir os erros do passado", afirmou Arilson.

Suspensão judicial

Em outubro de 2024, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) suspendeu a licitação do "Descomplica Paraná", apontando restrições à concorrência. Apesar disso, o governo de Ratinho Júnior (PSD) republicou o edital em janeiro de 2025, alegando ter feito ajustes técnicos, porém sem garantir que as falhas apontadas foram devidamente corrigidas.

O novo edital prevê que uma única empresa será responsável pela operação de 20 unidades em 18 municípios, durante um contrato de cinco anos. Para o deputado Arilson, esse modelo pode mascarar favorecimentos políticos e resultar em superfaturamento, comprometendo a qualidade dos serviços prestados e a correta aplicação dos recursos públicos.

"Um contrato de quase R$ 1 bilhão precisa ser amplamente debatido. Mas, em vez disso, o governo age de forma soberba, ignorando alertas dos órgãos de controle e da sociedade. O risco de sobrepreço e direcionamento é evidente", alertou o deputado.

A Bancada de Oposição enfatiza que não é contrária à modernização dos serviços públicos, mas critica a forma como o processo está sendo conduzido. Os parlamentares defendem um debate amplo e transparente, além de uma fiscalização rigorosa para garantir que os recursos sejam bem aplicados e que a população não seja prejudicada por possíveis irregularidades.

"Não somos contra o projeto, somos contra a falta de transparência, o sobrepreço e qualquer direcionamento de licitação para uma única empresa. Não podemos aceitar que um contrato bilionário seja fechado sem amplo debate e fiscalização rigorosa. Precisamos garantir que os recursos sejam bem aplicados e que a população não pague o preço da irresponsabilidade do governo", concluiu Arilson Chiorato.