Justiça Militar se declara incompetente para julgar policiais acusados de matar delator do PCC
TJM declarou ser de competência da Vara do Júri de Guarulhos, na Grande São Paulo, o julgamento pelo assassinato do delator do PCC
Por Da Redação

O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJM) decidiu que cabe à Vara do Júri de Guarulhos, na Grande São Paulo, conduzir o julgamento de três policiais militares acusados de participar do assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, ocorrido em novembro de 2023, no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
A vítima, que havia feito delações premiadas contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi morta com dez disparos de fuzil. O crime também deixou um motorista de aplicativo morto por bala perdida e outras quatro pessoas feridas.
PMs denunciados
São réus no processo o tenente Fernando Genauro da Silva, o cabo Ruan da Silva Rodrigues e o soldado Denis Antônio Martins. Eles respondem por dois homicídios, quatro tentativas de homicídio e associação criminosa.
Segundo a investigação, o cabo e o soldado teriam executado Gritzbach, enquanto o tenente dirigia o carro usado na fuga. Os três permanecem presos no Presídio Militar Romão Gomes. Caso sejam condenados por todos os crimes, cada um pode pegar mais de 100 anos de prisão.
Decisão judicial
Na decisão, proferida no último dia 7, o juiz do TJM destacou que crimes dolosos contra a vida de civis devem ser julgados pelo Tribunal do Júri. Ele também ressaltou que os acusados já respondem, na Vara do Júri de Guarulhos, por tentativa de homicídio de quatro pessoas feridas na mesma ação.
Com isso, determinou o envio dos autos referentes aos três militares para a Justiça comum, ressaltando a “prevalência da competência” do júri popular nesse caso.
As denúncias de Gritzbach
Dias antes de ser executado, Vinícius Gritzbach havia prestado depoimentos ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e à Corregedoria da Polícia Civil, revelando ligações de agentes públicos com o PCC e o envolvimento de criminosos em lavagem de dinheiro da facção.
A morte do corretor foi investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Paralelamente, a Polícia Federal apura uma rede de policiais civis suspeitos de atuar na lavagem de dinheiro do PCC, além de crimes de corrupção ativa e passiva.
Até o momento, 26 suspeitos foram presos: 17 policiais militares, cinco policiais civis e quatro pessoas ligadas a Kauê do Amaral Coelho, apontado como o informante que avisou os assassinos sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto.
Câmeras e celulares
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que Gritzbach foi atacado, pouco depois de desembarcar e se aproximar de um carro blindado da sua escolta.
As investigações também apontam que os três PMs usaram celulares para se comunicar antes, durante e depois da execução, circulando pela área do aeroporto em diferentes momentos para monitorar a vítima.
Com informações do Portal Metrópoles
