Entregadores de aplicativo realizam paralisação pedindo por reajuste de tarifas
A principal reivindicação dos entregadores é a fixação de uma taxa mínima de R$ 10 por entrega, independentemente da plataforma utilizada
Por Bruno Rodrigo

Os entregadores de aplicativo de Cascavel aderiram à paralisação nacional da categoria nesta segunda-feira (31) e terça-feira (1º), e realizaram um ato reivindicando melhores condições de trabalho e reajustes nas tarifas pagas pelas plataformas. A mobilização teve início por volta das 9h30, com concentração no estacionamento em frente à Prefeitura Municipal, de onde partiram para uma passeata pelas principais vias da cidade.
A principal reivindicação dos entregadores é a fixação de uma taxa mínima de R$ 10 por entrega, independentemente da plataforma utilizada. Atualmente, a taxa inicial em algumas empresas é de R$ 6,50, valor considerado insuficiente diante dos custos operacionais. Além disso, os trabalhadores exigem um aumento do valor pago por quilômetro rodado, de R$ 1,50 para R$ 2,50. Outra demanda específica dos entregadores que utilizam bicicletas é a limitação do raio de atuação a três quilômetros. Por fim, os trabalhadores também cobram a remuneração integral de cada pedido em situações de entregas agrupadas na mesma rota, uma prática comum nas plataformas, mas que reduz significativamente os ganhos dos motoboys.
“É uma paralisação nacional de aplicativos. Falamos muito sobre o iFood, porque ele serve como base de valores para todos os outros aplicativos. O foco da paralisação é sobre os aplicativos, Rappi, Uber Moto, 99, o próprio iFood. A gente tá pedindo que a taxa mínima de entrega, seja aumentada de R$ 6,50 para R$ 10, que é o referente a até 4 quilômetros. O adicional de quilometragem é de R$ 1,50 por km, e estamos pedindo um adicional de R$ 2,50 por quilometro. Além disso, estamos reivindicando a redução de quilometragem para quem faz entrega de bicicleta, para que o limite seja de 3 km, porque não é fácil pedalar e ficar o dia inteiro fazendo entrega”, explicou André Roque Nicodem, que é um dos representantes da categoria em Cascavel.
Após a concentração na Prefeitura, os entregadores percorreram a Avenida Brasil até a Estação da Cidadania, em frente ao Shopping Catuaí. O trajeto foi acompanhado por buzinaço e palavras de ordem, chamando a atenção da população e pressionando as empresas de delivery por melhorias. Durante o ato, também foram distribuídos panfletos explicando as principais demandas da categoria.
“É o mínimo que estamos pedindo, porque se for ver o preço que está o combustível, o óleo para colocar na moto, o pneu, a própria manutenção básica da moto já que rodamos todos os dias. Só queremos esses reajustes e esse reconhecimento da população com a importância do nosso trabalho, já que ainda falta muito reconhecimento para o motociclista”, frisou Nicodem.
Os trabalhadores também denunciam práticas que consideram antissindicais, como o oferecimento de incentivos financeiros por parte de algumas plataformas para desencorajar a adesão ao movimento. Além disso, reclamam da falta de um canal de comunicação eficiente com as empresas, o que dificulta a resolução de problemas como bloqueios indevidos e dificuldades na aceitação de corridas.
Grupos de motociclistas que não praticam entregas por aplicativo também prestaram apoio aos entregadores e participaram da ação. Foi o caso do Grupo Cachorro Loko, que teve representantes participando da ação nesta segunda-feira.
“A gente tá aqui nessa mobilização, que é nacional, e o Cachorro Loko está prestando apoio a favor dos motoboys de aplicativo. 90% dos motoqueiros que integram o nosso grupo não trabalham com isso, mas estamos por aí para apoiar esse pessoal, que passa por muitas dificuldades nas ruas. Uma das dificuldades é a falta de um ponto comum para carregamento de celular, uso de banheiro e coisas afins”, explicou Roger Orelha, que é integrante do Motogrupo Cachorro Loko.
A paralisação segue até o fim da terça-feira, e os entregadores aguardam uma resposta das plataformas sobre as reivindicações. Caso não haja avanços, novas mobilizações não estão descartadas.
Paralisação nacional
A mobilização dos entregadores não se limitou a Cascavel. Em diversas cidades do país, os trabalhadores cruzaram os braços em protesto contra a precarização do trabalho nas plataformas de delivery. Em São Paulo, a paralisação foi organizada pelo Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (SindimotoSP), que manifestou apoio às reivindicações e denunciou a "exploração desenfreada das empresas de aplicativo".
Além da capital paulista, manifestações também foram registradas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e outras grandes cidades. Em alguns locais, houve bloqueios temporários em pontos estratégicos para chamar atenção à causa.
A categoria tem pressionado as plataformas por condições mais justas de trabalho, já que os valores pagos por entrega são considerados insuficientes para cobrir os custos da atividade, especialmente diante da alta dos combustíveis, da manutenção das motocicletas e da falta de segurança enfrentada pelos trabalhadores. As manifestações devem continuar em diferentes cidades nos próximos dias, enquanto os entregadores aguardam uma resposta das empresas sobre suas reivindicações.