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Em entrevista no Cantini, Leo Bolsonaro afirma estar foragido na Argentina

Fugiu? A entrevista foi ao ar na quarta-feira (26). Léo Bolsonaro disse estar no país vizinho há 22 dias

Por Gabriel Porta Martins

Em entrevista no Cantini, Leo Bolsonaro afirma estar foragido na Argentina Créditos: Divulgação

Cerca de um mês após se tornar réu por tentativa de golpe, Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido nacionalmente como Léo Índio e localmente como Léo Bolsonaro em Cascavel, revelou que está foragido na Argentina. A declaração foi feita durante uma entrevista ao programa Microfone Aberto, apresentado por Valdomiro Cantini na rádio Massa FM. A entrevista foi ao ar na quarta-feira (26), coincidindo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou réus Jair Bolsonaro e outros sete acusados, com um placar de 5 a 0.  

No início do programa, Cantini afirmou que não divulgaria a localização de Léo Bolsonaro. No entanto, ao longo da conversa, ambos confirmaram que ele se encontra na Argentina, sem revelar a cidade exata ou detalhes sobre a viagem.

Durante a entrevista, Léo Bolsonaro disse estar no país vizinho há 22 dias e que, em cerca de dois meses, precisará se apresentar às autoridades argentinas para atualizar sua documentação. Ele também cobrou um posicionamento mais firme dos parlamentares aliados ao bolsonarismo para garantir a anistia dos envolvidos na tentativa de golpe. “Infelizmente, não vejo prioridade nisso, por mais que digam o tempo todo que é. ‘Ah, é prioridade da direita, do PL, dos partidos aliados, pautar a anistia’. Prioridade? Já se passaram dois anos! Eu não fui preso, mas há pessoas que passaram por isso. Muitos fugiram, tiveram a oportunidade de fugir”, afirmou, alegando que mais de 500 brasileiros estariam exilados na Argentina.  

Léo Índio também tentou minimizar sua participação nos atos de 8 de janeiro, alegando que foi incluído no processo apenas por ter tirado uma selfie. No entanto, ele responde por crimes como associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. “Não há nenhuma imagem que me coloque diretamente nesses crimes. Logo ali, na Praça dos Três Poderes, um dos locais mais monitorados do Brasil”, argumentou.

Candidato a vereador pelo PL em Cascavel na última eleição, Léo tentou a estratégia de colocar Bolsonaro em seu nome, buscando angariar votos de eleitores do tio - muito querido e famoso na cidade -, mas nem isso foi suficiente para que ele conseguisse ser eleito, recebendo 739 votos.

Réu desde fevereiro 

O processo contra Léo Índio começou a tramitar no plenário virtual do STF em 21 de fevereiro. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro a votar a favor do recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Em seguida, os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Luiz Fux também votaram a favor, entre os dias 27 e 28 do mesmo mês.

Denúncia

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Léo Índio por cinco crimes, após identificar sua participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Sua presença na depredação das sedes dos Três Poderes foi registrada em postagens feitas por ele mesmo nas redes sociais. Em uma das gravações, ele aparece no topo do prédio do Congresso Nacional e, em outra, se filma próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), com os atos de vandalismo ao fundo.

As investigações também indicam que Léo Índio participou dos acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis, locais que reuniram a maior parte dos manifestantes envolvidos na invasão e destruição da Praça dos Três Poderes.

A principal acusação contra ele é a de participação em uma associação criminosa armada. Além disso, ele responde por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado.

Desde o início do processo, Léo Índio nega envolvimento no vandalismo, alegando que a PGR não conseguiu comprovar sua participação direta na tentativa de golpe. Sua defesa também solicita que o caso seja retirado da alçada do STF.

No voto que aceitou a denúncia, o ministro Alexandre de Moraes destacou as conclusões da PGR, que apontam que Léo Índio “aderiu, contribuiu diretamente e permaneceu unido subjetivamente aos integrantes do grupo que invadiu as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, quebrando vidros, cadeiras, painéis, mesas, móveis históricos e outros bens, causando a totalidade dos danos descritos no relatório preliminar do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”.  

STF tem maioria para negar recurso e tornar Léo Índio réu

A maioria da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para rejeitar recurso e confirmar a decisão que tornou réu Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio. Ele é primo dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino seguiram o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, formando maioria pela rejeição do recurso da defesa, que queria impedir a abertura de ação penal. O ministro Luiz Fux tem até o fim desta sexta-feira (28) para votar. No recurso, a defesa de Léo índio insistiu que o Supremo não é a instância competente para processar o caso, uma vez que ele não tem foro privilegiado. Os ministros da Primeira Turma voltaram a rejeitar o argumento. 

Léo Índio foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por ter participado do ato antidemocrático de 8 de janeiro de 2023. Segundo a denúncia, ele próprio publicou imagens em suas redes sociais em meio à invasão de prédios públicos. Numa das publicações, ele aparece sobre o prédio principal do Congresso Nacional, onde ficam as cúpulas do edifício. Em outra, surge perto da sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Para a PGR, isso prova a participação dele na invasão e depredação dos edifícios. 

A PGR imputou cinco crimes a Léo Índio: tentativa de golpe de Estado; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; associação criminosa; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; deterioração de patrimônio tombado da União. Por unanimidade, a denúncia contra Léo Índio foi recebida em fevereiro pela Primeira Turma. Com a decisão, ele se torna réu. Com a rejeição do recurso, o Supremo deve agora abrir uma ação penal, em que defesa e acusação poderão apresentar testemunhas e pedir a produção de provas. Somente ao final da instrução processual que os ministros devem decidir se condenam ou absolvem o acusado.