Conheça as empresas interessadas no Lote 3, que vai a leilão nesta quinta-feira
Grupo Pátria, Grupo EPR, Grupo CCR e Consórcio entre os grupos 4UM e Opportunity entregaram lances pelo Lote
Por Da Redação

Nesta quinta-feira (11), acontece o leilão para concessão por 30 anos do Lote 3 das rodovias paranaenses. Já com dois lotes entregues a iniciativa privada, o leilão do Lote 3 dá sequência à série de concessões das rodovias que faziam parte do antigo Anel de Integração do Paraná, que ficou sob domínio de concessionárias de pedágio por 24 anos.
O leilão acontecerá na Bolsa de Valores de São Paulo, que já recebeu os dois certames anteriores, dos Lotes 1 e 2, vencidos respectivamente pelos Grupos Pátria e EPR, e que já estão com as atividades de concessão a pleno vapor. O projeto de concessão foi desenvolvido em uma parceria entre o Governo do Paraná e o Governo Federal.
O edital, publicado pela ANTT no dia 06 de agosto, prevê tarifa básica máxima de pedágio para disputa de R$ 0,14596/km. As propostas já foram apresentadas na B3.
O Lote 3 faz parte da Malha Norte, que abrange 22 cidades e faz a ligação do Norte do Estado com o eixo rodoviário da BR-277, para chegar até o Porto de Paranaguá. Ele envolve 569 quilômetros das rodovias BR-369, BR-373, BR-376, PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090. A previsão é que a concessionária vencedora do leilão invista R$ 16 bilhões em obras, conservação e serviços operacionais.
As rodovias atendidas nesse trecho atravessam as cidades de Sertaneja, Sertanópolis, Londrina, Cambé, Ibiporã, Tamarana, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Califórnia, Apucarana, Arapongas, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Ortigueira, Imbaú, Faxinal, Tibagi, Ipiranga, Ponta Grossa, Palmeira e Balsa Nova. A estimativa é de geração de mais de 143 mil empregos diretos, indiretos e efeito-renda na região impactada.
"É mais um leilão muito aguardado, que atinge rodovias estratégicas, como a Rodovia do Café, do Norte, com a BR-277, com destino ao Porto de Paranaguá. Ela prevê duplicações, contornos, terceiras faixas, marginais. Estamos garantindo muitas obras e transparência", afirma o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
As empresas
Quatro grupos devem disputar a concessão do Lote 3, que é um importante modal de ligação do Norte do Paraná, que comporta a segunda e a terceira maior cidade do estado, com a capital Curitiba, contribuindo para o escoamento da produção daquela região.
Os Grupos EPR e Pátria são dois dos interessados. Eles já estão no comando dos primeiros lotes e pretendem expandir a atuação no estado. Outro interessado é o Grupo CCR. Por fim, um consórcio formado pela 4UM, que tem como integrante a antiga J.Malucelli e o Grupo Oportunity é o outro conglomerado que fez proposta pelo Lote. Os envelopes serão abertos amanhã após as 14 horas. A Gazeta traz um pouco do que é cada um desses grupos, confira:
Grupo Pátria
Empresa global de gestão de ativos alternativos, o Grupo Pátria está há 29 anos no mercado. A empresa é pioneira na indústria de Private Equity no Brasil, e tem expandido o seu portfólio em diversas áreas, tendo chegado nos últimos anos ao setor de infraestrutura, assumindo concessões rodoviárias primeiramente no estado de São Paulo, e agora no Paraná.
O Lote 1 foi o primeiro contrato federal do Pátria no setor de rodovias, em que o grupo atua desde 2017. Hoje, a gestora opera outras três concessões, todas elas em São Paulo: a Entrevias, em sociedade com a francesa Vinci; a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares), adquirida da Invepar em 2019; e o Eixo SP, que administra o corredor Piracicaba-Panorama, conquistada em leilão em 2020, com uma oferta considerada agressiva.
Em 2017 a empresa venceu o seu primeiro leilão de concessões, assumindo as Rodovias Centro Oeste Paulista, na época com um lance de cerca de R$ 900 milhões e ágio de 131%. Em 2020, em consórcio formado juntamente com o fundo soberano de Cingapura, o Pátria venceu o leilão das Rodovias Piracicaba-Panorama, também no estado de São Paulo, oferecendo outorga de R$ 1,1 BI, superando o grupo Ecorodovias que ofereceu R$ 527 milhões. O leilão foi referente a maior malha viária já licitada em um único lote no país, envolvendo 1.273 quilômetros de estradas.
Além das concessões, o Grupo Pátria é responsável por grandes empresas, como a LAP (energia), Winity (telecomunicações), Natulab (farmacêutica), Açaí Frooty (alimentos) e ParaBem (transporte).
Grupo EPR
O Grupo EPR, sediado na cidade de São Paulo, é uma holding que concentra suas participações na administração e operação de concessões rodoviárias. Sua origem remonta a uma joint venture entre as empresas Equipav e Perfin, estabelecida em agosto de 2022. O objetivo da criação da empresa foi a formação de uma plataforma de investimentos voltada para concessões de rodovias e mobilidade. Até o momento, o Grupo EPR obteve a concessão dos trechos rodoviários localizados no Triângulo e no Sul de Minas, como parte do Programa de Concessões de Rodovias do governo de Minas Gerais. Além disso, em julho o grupo EPR venceu concessão do corredor rodoviário Varginha-Furnas também em Minas Gerais.
São oito praças de pedágio administradas no estado mineiro pelo Grupo, que administra ao todo, 16 rodovias estaduais e federais em Minas Gerais.
Uma das controladoras do Grupo EPR, a Equipav, é controladora também de uma empresa que acumula polêmicas em todo o país: a Aegea. Empresa de saneamento, a Aegea arrematou em um consórcio com a Perfin e com a Kinea em julho a Parceria Público Privada com a Sanepar para prestar serviço a cidades do litoral paranaense.
Ao todo, são mais de 100 cidades que tem a Aegea como prestadora de serviço em 12 estados do país. A empresa acumula polêmicas como o envolvimento com direcionamento de leilões no Rio Grande do Sul, problemas com cobrança indevida de taxa de esgoto em locais sem o serviço na cidade de Manaus, além de reajustes indevidos nas tarifas.
Grupo CCR
O Grupo CCR é uma das maiores empresas de concessões de infraestrutura do Brasil, com atuação em rodovias, aeroportos, mobilidade urbana e ferrovias. Fundada em 1999, a CCR gerencia algumas das principais rodovias do país, como a Dutra (São Paulo-Rio de Janeiro) e a Rodovia dos Bandeirantes. No setor aéreo, opera aeroportos no Brasil e no exterior, destacando-se os de Confins (MG) e Curitiba (PR). No segmento de mobilidade urbana, administra linhas de metrô e transporte público, como a Linha 4-Amarela em São Paulo.
No entanto, a CCR enfrentou controvérsias significativas, especialmente envolvendo a Rodonorte, uma de suas concessionárias no Paraná. Em 2019, a empresa admitiu envolvimento em um esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Executivos da CCR Rodonorte confessaram o pagamento de propinas a políticos e agentes públicos em troca de benefícios contratuais, incluindo a extensão de prazos de concessão e alterações em tarifas. Como consequência, a empresa firmou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, comprometendo-se a pagar uma multa de R$ 750 milhões e a implementar medidas rigorosas de governança e compliance.
Em dezembro de 2022, após quase dois anos de negociações e 10 audiências judiciais, a Justiça Federal do Paraná (JFPR) homologou um acordo entre o Estado do Paraná/Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a concessionária Rodonorte. O valor total do acordo ultrapassa R$ 1 bilhão.
A Rodonorte tinha sede em Ponta Grossa e era responsável pela administração do Lote 5 do Anel de Integração do Paraná, gerindo 567 km de rodovias. Esse lote incluía trechos das BR-277 e BR-376, que conectam Curitiba ao Norte do Estado; a PR-151, entre Ponta Grossa e Jaguariaíva, no Norte Pioneiro; e um trecho urbano de 11,7 km da BR-373 em Ponta Grossa (Avenida Souza Naves), que vai do Trevo Eurico Batista Rosas ao Trevo do Caetano.
4UM e Opportunity
O 4UM, Fundo de Investimentos em Infraestrutura, é formado pelos acionistas de quatro grupos empresariais ligados ao setor de infraestrutura, Aterpa, J. Malucelli, Carioca Engenharia e Sempa Construções. Eles adquiriram recentemente a concessão da BR-381/MG, conhecida como “rodovia da morte”, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares.
O fundo atua em diversas classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos, com o objetivo de obter ganhos em diferentes condições de mercado.
O Grupo Opportunity é uma das gestoras de investimentos mais antigas do Brasil, fundada em 1994 por Daniel Dantas. Especializada em fundos de ações, multimercado e private equity, a empresa é conhecida por sua abordagem disciplinada e foco em gestão de riscos. Ao longo das décadas, tornou-se uma referência em investimentos, especialmente em setores de alta complexidade, como tecnologia e infraestrutura. Recentemente, venceu o leilão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp.
Contudo, o Opportunity também esteve envolvido em algumas polêmicas ao longo de sua trajetória. Um dos casos mais notórios é a disputa judicial sobre o controle da Valepar, a antiga controladora da mineradora Vale. O grupo de Daniel Dantas alegava ter o direito de adquirir ações da empresa a valores abaixo do mercado, o que gerou controvérsias com outros acionistas e levou a perdas contábeis significativas
Além disso, o Opportunity também esteve envolvido em casos de investigação relacionados à Operação Satiagraha, por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, embora as acusações tenham sido anuladas posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal, devido a irregularidades processuais.