pref santa tereza Setembro 2025

Autor de injúria racial recebe punição menor que vítima em caso julgado pelo TJD-PR

TJD-PR suspende Diego por sete jogos e aplica multa de R$ 2 mil; PV, vítima da ofensa, leva 10 partidas de gancho por reação após o insulto

Autor de injúria racial recebe punição menor que vítima em caso julgado pelo TJD-PR Créditos: Reprodução FPF

O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) definiu, na noite de segunda-feira (20), as punições aos jogadores envolvidos em um caso de injúria racial ocorrido durante uma partida entre Batel e Nacional-PR, pela Taça FPF. O volante Diego, ex-jogador do Batel, foi suspenso por sete jogos e multado em R$ 2 mil por proferir ofensa racista ao zagueiro PV, do Nacional. O defensor, que reagiu após o insulto com um cuspe e um soco, recebeu dez partidas de suspensão, uma punição mais severa que a do autor da injúria.

De forma unânime, o TJD considerou Diego culpado pelo ato discriminatório. Já a penalidade de PV foi dividida entre seis jogos pelo cuspe, ocorrido antes da injúria, e quatro pelo soco, decisão esta não unânime entre os auditores.

O episódio ocorreu após uma disputa dentro da área, em cobrança de escanteio. PV teria cuspido em Diego, que respondeu chamando o zagueiro de “macaco”. A reação de PV veio logo em seguida, com a denúncia ao árbitro e um soco no adversário. O árbitro Diego Ruan Pacondes da Silva aplicou o protocolo antirracismo da FIFA, cruzando os braços em “X”, e paralisou a partida. O zagueiro foi expulso e o volante encaminhado ao hospital.

Durante o julgamento, Diego afirmou que teria dito a palavra “malaco”, e não “macaco”, alegando que o termo seria uma gíria para “maloqueiro”. A explicação não foi aceita pela comissão.

A decisão do tribunal também absolveu o Batel, acusado de omissão diante do episódio. O clube foi denunciado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios, mas os auditores entenderam que a equipe tomou as providências necessárias após o ocorrido.

LEIA TAMBÉM NA EDITORIA ESPORTES 

•Time Sub-15 do VCC é campeão paranaense de voleibol Série C

•Quartas de final da Série Ouro têm dois jogos nesta quinta-feira

•CRC sobe ao pódio do Campeonato Paranaense de Canoagem em Siqueira Campos

Punições definidas pelos auditores do TJD-PR

  • Bruno Cavalcante: sete jogos e multa de R$ 2 mil a Diego; dez jogos a PV (seis pelo cuspe e quatro pelo soco).

  • José Mario Pirolo Neto: manteve as mesmas penas.

  • José Leandro Scandelari: sete jogos e multa de R$ 2 mil a Diego; seis jogos a PV (absolvido no caso do soco).

  • Carlos Roberto da Silva: repetiu o voto de Bruno Cavalcante.

Na esfera criminal, a Polícia Civil do Paraná instaurou inquérito para investigar o caso. Os dois jogadores já foram ouvidos, e as diligências continuam. A defesa de PV aguarda a denúncia do Ministério Público do Paraná e deve acionar a Justiça Cível.

Repercussão dos clubes

O Nacional-PR informou que vai recorrer da decisão.

“O clube tomará todas as medidas judiciais cabíveis para que a Justiça seja feita, renovando seu compromisso contra quaisquer práticas discriminatórias”, afirmou o advogado Marlon Lima em nota oficial.

Já o Batel comemorou a absolvição.

“Ficou claro que o clube não foi omisso. Seguimos com tolerância zero a qualquer tipo de preconceito e queremos apenas apagar esse lamentável episódio”, disse o presidente Leonardo Mattos Leão.

O Batel demitiu o jogador Diego logo após o ocorrido, reforçando sua postura contra o racismo no futebol.

Acesse nosso canal no WhatsApp