Alerta nas lavouras: FAEP pede reforço na segurança contra furtos de café
Os furtos envolvem tanto cargas já ensacadas quanto colheitas ainda no pé. Em casos registrados nos estados vizinhos, criminosos chegaram a cortar galhos inteiros
Por Da Redação

Diante de uma onda de furtos em lavouras de café registrada nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) solicitou ao Comando Geral da Polícia Militar do Paraná reforço imediato na segurança das regiões produtoras do Estado. Embora até o momento não haja registros desse tipo de crime no Paraná, o aumento no valor do grão e a proximidade da colheita preocupam os cafeicultores.
Os furtos envolvem tanto cargas já ensacadas quanto colheitas ainda no pé. Em casos registrados nos estados vizinhos, criminosos chegaram a cortar galhos inteiros carregados de café diretamente nas lavouras. O crime, que havia praticamente desaparecido, voltou a ocorrer impulsionado pela forte valorização do produto. Em fevereiro, a saca de 60 quilos de café arábica ultrapassou R$ 2.700, o maior valor já registrado, segundo o Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Atualmente, a cotação gira em torno de R$ 2.500.
No Paraná, o receio é de que os furtos se espalhem para o Estado com a chegada dos meses de colheita, que tradicionalmente ocorrem entre junho e agosto. “Não podemos esperar que os crimes se espalhem para agir. O produtor rural precisa se sentir protegido, principalmente em um período como o da colheita, quando há maior circulação de pessoas e mercadorias nas propriedades”, afirmou o presidente interino da FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
O pedido da entidade é para que a Polícia Militar, por meio do programa Patrulha Rural Comunitária 4.0, intensifique a vigilância nas propriedades e nas estradas que cortam os principais municípios produtores de café. Entre as ações solicitadas estão o aumento das rondas, abordagens de suspeitos, ampliação do efetivo policial nas zonas rurais e maior articulação com os sindicatos rurais.
Para o chefe da Coordenadoria de Patrulha Rural Comunitária da Polícia Militar do Paraná, major Íncare Correa de Jesus, a principal estratégia continua sendo a prevenção, com forte envolvimento da comunidade rural. “Não termos casos no Paraná é resultado do engajamento da comunidade rural. Hoje, os produtores têm consciência da importância de agir preventivamente, antes que os crimes cheguem ao nosso Estado”, avaliou.
De acordo com o major, reuniões constantes com sindicatos rurais têm ampliado o alcance das orientações de segurança no campo. Reflexo desse trabalho é o aumento expressivo no número de propriedades cadastradas no programa Patrulha Rural: de 12 mil em 2023 para mais de 23 mil em 2024.
Alerta constante e comunicação rápida
A orientação da Polícia Militar é que qualquer movimentação suspeita seja imediatamente comunicada à Patrulha Rural. “Pessoas estranhas rondando a propriedade, visitas não combinadas, veículos desconhecidos ou propostas de compra com valores fora do padrão devem ser reportadas com urgência”, alerta a PM. Em casos de tentativa de invasão, sinais de arrombamento, cercas rompidas ou acesso não autorizado, o produtor deve registrar um boletim de ocorrência e acionar a equipe local, que fará a vistoria, buscará identificar falhas de segurança e prestará orientações específicas para cada caso.
O produtor rural pode acionar a Patrulha Rural diretamente, por meio da Polícia Militar, ou via sindicatos rurais e de trabalhadores do campo. A participação ativa da comunidade é considerada estratégica pelas autoridades.
Com a valorização do café em alta e o risco crescente de crimes no campo, o Paraná quer se manter como exceção no cenário nacional de furtos nas lavouras.