Motorista que atropelou mulher deixada na rua após agressões em Cascavel afirmou ter fugido por medo de linchamento, diz delegado
Por Giuliano Saito

Câmera de segurança registrou o caso na madrugada de domingo (28), em Cascavel. Daiane de Jesus Oliveira tinha 28 anos. Daiane de Jesus Oliveira foi deixada na rua por seguranças antes de ser atropelada e ter o corpo arrastado por carro Divulgação O motorista que atropelou Daiane de Jesus Oliveira no centro de Cascavel, no oeste do Paraná, afirmou à polícia que fugiu do local por medo de linchamento, segundo Fabiano Moza, delegado responsável pelo caso. O homem de 37 anos foi ouvido na quarta-feira (31). À polícia o homem afirmou também que ouviu o barulho do impacto, mas acreditou que se tratava de um animal. Conforme o delegado, o homem alegou que descobriu que a vítima era uma pessoa ao amanhecer, por meio da imprensa. A jovem de 28 anos morreu ao ser atropelada e arrastada por 70 metros por um carro após ser agredida por seguranças de uma casa noturna e abandonada no meio da rua por eles. Assista abaixo. Após briga, mulher é atropelada por carro, arrastada por 70 metros e morre em Cascavel Em depoimento o motorista negou que ingeriu bebidas alcoólicas no dia do acidente e que estava dentro do limite de velocidade da vítima. O delegado afirmou que as investigações continuam a fim de confirmar a veracidade das informações. Ainda segundo Moza, ele pode responder por homicídio culposo, com aumento de pena por omissão de socorro. Segurança foi ouvido Conforme Moza, um dos seguranças que aparecem nas imagens, uniformizado, foi ouvido na condição de testemunha. Segundo o delegado, a decisão aconteceu porque verificou-se que a conduta dele não foi relevante para Daiane ser "jogada" na rua. O segurança relatou à polícia que a responsabilidade do trabalho dele era na parte interna da boate, fazendo o controle de acesso, e, por conta disso, evitou interferir na situação. Ele disse ainda que esperava que o outro segurança, policial penal que agride a mulher, tomasse alguma atitude em relação à retirada da mulher do meio da rua. Em relação à briga, a defesa do homem afirmou que ele não interferiu porque foi orientado pelo policial penal a se afastar. O delegado informou que verifica se houve omissão do segurança por não tomar atitude de tirar a mulher do meio da rua. Entretanto, até o momento, ele é classificado como testemunha e não investigado. Mulher ficou 25 minutos em frente à casa noturna A investigação analisou imagens de câmeras de segurança registradas duas horas antes e duas horas depois do atropelamento de Daiane. Os registros mostram que a mulher chegou no local cerca de 25 minutos antes do início da confusão, já seminua. De acordo com o delegado, a atitude que os seguranças deveriam ter tomado era a de acionar as autoridades, como Guarda Municipal ou Polícia Militar, para retirar a mulher do local, uma vez que ela estaria cometendo o crime de ato obsceno. LEIA MAIS: O que se sabe e o que falta esclarecer sobre morte de jovem atropelada após ser agredida e largada na rua por seguranças no PR Inquérito ainda não foi concluído O delegado afirmou que o inquérito ainda não foi concluído. Ele afirmou que pretende ouvir mais testemunhas nos próximos dias, entre elas o policial penal e algum familiar da vítima. Até o momento, conforme Moza, sete pessoas foram ouvidas: as cinco testemunhas que fizeram o sinal para o veículo, o segurança que aparece uniformizado e o motorista do carro. Apenas uma delas viu a mulher sendo empurrada na via, mas todas apresentaram a mesma versão sobre o atropelamento, segundo o delegado. Moza afirmou ainda que a investigação busca apurar se o policial penal assumiu o risco de Daiane ser atropelada ao deixá-la largada no meio da rua. "Será apurada a conduta dele que fez a vítima estar no meio da pista e posteriormente ser atropelada", afirmou. Initial plugin text A confusão Imagens de câmera de segurança, sem áudio, mostram a briga a partir das 4h32 da manhã. Um homem com uma lanterna parece repreender a jovem, na calçada. A Polícia Militar (PM-PR) afirmou que a motivação do desentendimento foi porque a jovem tentou entrar na casa noturna sem a parte de cima da roupa. Às 4h33, o homem chuta o que parece ser uma lata de bebida. A jovem reage, vai para cima do homem e os dois começam a brigar na rua. Ela leva pelo menos dois chutes e um empurrão. Conforme a confusão avança, outras duas pessoas saem de dentro de um estabelecimento. Inicialmente, elas não intervém fisicamente na briga e ficam assistindo. Ainda às 4h33, a jovem corre em direção a um objeto na rua. Um outro homem avança e a segura por poucos segundos. Em seguida, o primeiro homem que estava na briga volta a empurrá-la e, após isso, ela fica deitada na rua. Ainda às 4h33, uma moto passa pelo local e desvia da jovem deitada no asfalto. Às 4h34, um grupo de cinco pessoas sai de dentro do mesmo estabelecimento e observam, da calçada, a jovem ainda deitada na rua. Poucos segundos depois eles veem um carro se aproximando e fazem sinal com as mãos que tem alguém no chão. O carro não para e passa por cima da jovem. LEIA TAMBÉM: MP-PR faz operação contra prefeito Hissam Hussein, de Araucária, por possíveis crimes contra a administração pública Homem é agredido e amarrado em poste após suspeita dele ter cometido furto Vigilância em Saúde interdita asilo em Umuarama VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias da região no g1 Oeste e Sudoeste.
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