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Arteris diz ser prematuro apontar causas do deslizamento da BR-376; PRF diz que decisão sobre fechamento cabia à concessionária

Por Giuliano Saito


Em nota, empresa afirmou não haver embasamento técnico necessário para determinar causas. Especialista diz que via deveria ter sido totalmente interditada após 1º deslizamento; duas pessoas morreram, e bombeiros estimam 30 desaparecidos. Deslizamento de terra atinge carros e caminhões na BR-376 A Arteris Litoral Sul, concessionária da BR-376, afirmou em nota ser prematuro fazer "qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento" que atingiu a rodovia em Guaratuba, no litoral do Paraná, e deixou pelo menos dois mortos. Segundo a empresa, neste momento, não há o embasamento técnico necessário para confirmação de causas. Anteriormente, a concessionária alegou que o local do desastre é monitorado e "não apresentava riscos". Durante uma entrevista coletiva, na quarta-feira (30), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que cabia à Arteris a responsabilidade por definir pela liberação ou não de tráfego no local onde foi registrado deslizamento de terra. Especialista afirma que rodovia devia ter sido fechada após 1º deslizamento, sem vítimas "Quem tem todo um inventário da rodovia, em relação a obras, a tudo que é feito na própria pista, como galerias, para garantir a segurança, é o órgão rodoviário responsável. Nesse caso, há uma concessão pública", afirmou Antônio Paim, superintendente da PRF. Procurada sobre o assunto, a concessionária afirmou ainda que o acompanhamento do trecho onde aconteceu o deslizamento faz parte das obrigações contratuais da empresa e que tem como propósito a garantia "da melhor segurança viária para os usuários". Disse também estar consternada e se solidarizar com amigos e familiares das vítimas. Questionamentos do g1 sobre os instrumentos usados para a tomada de decisão de liberação da pista, porém, não foram detalhados pela Arteris Litoral Sul. Veja abaixo íntegra da nota. Pelo menos 30 pessoas estão desaparecidas no local, conforme estimativa do Corpo de Bombeiros. Desde segunda-feira (28), quando aconteceu o desastre, dois corpos foram encontrados e seis pessoas foram resgatadas com vida. Primeira varredura com drone e câmera termal não encontra sinais de vida na área do deslizamento, VÍDEO Imagem aérea mostra deslizamento de terra na BR-376, próximo à divisa entre Paraná e Santa Catarina Adryel Pabst/Prefeitura de Garuva Rodovia ter sido fechada, diz especialista O engenheiro civil e mestre em transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Sergio Ejzenberg avalia que a pista deveria ter sido interditada logo após o primeiro deslizamento registrado na tarde de segunda-feira e que não poderia mais ter sido liberada. Ele afirma que é possível prever desastres como este, em especial, por ser um local que já havia registrado queda de barreira na data. “Esta liberação não deveria ter acontecido [...] Existe, sim, como prever (deslizamentos), existem sinais de alerta, a engenharia pode prever isso." "Não precisa ter sinal de alerta em uma rodovia como um todo, mas sim de um trecho, de um local que havia acabado de ocorrer um deslizamento. [...] Essa situação merecia uma intervenção específica, objetiva e direta e sem garantia de segurança, não poderia ter sido liberada", afirmou o profissional. Para Ejzenberg, o desastre merece atenção e investigação rigorosa para que os responsáveis pela liberação sejam responsabilizados por todas as perdas causadas pelo deslizamento. Ele afirma que as vidas poderiam ter sido preservadas. “É preciso saber que a pista já estava interrompida, então, é preciso saber quem liberou ela, com ordem de quem. [...] Era necessário avaliar se havia risco de um movimento maior, se aquilo foi um prenúncio ou só um pequeno movimento", afirmou. "Quando se viu depois, aquilo foi um prenúncio, aquele aviso poderia ter salvado gente. Como não foi tomado como aviso, pessoas morreram." Na terça-feira (29) a Defesa Civil afirmou que a concessionaria sabia dos riscos de deslizamento do local. De acordo com o coronel Fernando Raimundo Schuning, a Arteris sabia que o volume de chuva apresentava riscos para o tráfego na pista e a empresa sabia da “vulnerabilidade técnica”. Em nota enviada também na terça, a empresa respondeu que possui "programa permanente de monitoramento de encostas". Sobre o lugar onde foi registrado o deslizamento, a concessionária afirmou que o local é monitorado de forma periódica e que "não apresentava risco". LEIA TAMBÉM: Bombeiros estimam ao menos 30 desaparecidos em deslizamento na BR-376 no Paraná Concessionária sabia de risco na BR-376, diz Defesa Civil Deslizamento na BR-376: o que se sabe e o que falta esclarecer Posicionamento da concessionária "A Arteris Litoral Sul está consternada e se solidariza com amigos e familiares das vítimas do deslizamento de terra no km 668,7 da BR376/PR. O atendimento à ocorrência é a prioridade máxima da concessionária neste momento. Por isso, a empresa não está medindo esforços e as equipes estão totalmente mobilizadas para fornecer todo o suporte e logística sob liderança do Corpo de Bombeiros para resgate no trecho. Após essa etapa tão crucial, da mesma forma, a concessionária empenhará todos os seus esforços para que a via seja liberada e que o tráfego possa ser restabelecido, com total segurança e o mais rápido possível. A Arteris ressalta que possui um programa permanente de monitoramento de encostas e que o trecho em que aconteceu o deslizamento é acompanhado periodicamente, sendo parte de suas obrigações contratuais. Neste momento, qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento seria prematura, pois não contaria com o embasamento técnico necessário. O propósito da Arteris é garantir a melhor segurança viária para os usuários. Especificamente sobre a BR-376/PR, a concessionária investiu fortemente na rodovia. Entre os investimentos aplicados especificamente no trecho da Serra do Mar, destacam-se a construção de duas áreas de escape, a conclusão da instalação do sistema de iluminação em 30 kms das pistas Norte e Sul; e a implementação do sistema semafórico para alerta em caso de trânsito interrompido à frente, denominado de Pirilampo. A Arteris Litoral Sul reforça seu compromisso com a sociedade paranaense e seguirá trabalhando para a melhoria constante das condições de tráfego e segurança do trecho, tão importante para a logística do País." Os deslizamentos na BR-376 Imagem feita por geólogos da UFPR mostra deslizamento na BR-376 e um segundo deslizamento ao fundo Centro de Apoio Científico em Desastres - UFPR O problema na pista começou às 15h30 de segunda, quando houve um primeiro deslizamento. O trecho, no entanto, foi parcialmente interditado pela concessionária Arteris, e o fluxo seguiu em uma faixa, o que causou lentidão no trânsito, com uma fila de carros. Cerca de quatro horas depois, um talude cedeu em cerca de 200 metros de pista e arrastou ao menos 15 veículos, entre carros e caminhões, que estavam na pista. A chuva era intensa no local no momento do incidente. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) não há pluviômetro monitorado pelo órgão ou pela Agência Nacional de Águas (ANA) na pista, mas o equipamento mais próximo, pouco abaixo do local do deslizamento, administrado pela ANA, apontava volume acumulado de 247 milímetros de chuva apenas na segunda-feira. No acumulado das últimas 72 horas, foram 355 milímetros. O Cemaden afirmou que há um alerta de risco para a região desde o domingo (27). Veja como tudo aconteceu no gráfico a seguir: Cronologia do deslizamento na BR-376, no Paraná Arte/g1 Nota da concessionária "A Arteris Litoral Sul está consternada e se solidariza com amigos e familiares das vítimas do deslizamento de terra no km 668,7 da BR376/PR. O atendimento à ocorrência é a prioridade máxima da concessionária neste momento. Por isso, a empresa não está medindo esforços e as equipes estão totalmente mobilizadas para fornecer todo o suporte e logística sob liderança do Corpo de Bombeiros para resgate no trecho. Após essa etapa tão crucial, da mesma forma, a concessionária empenhará todos os seus esforços para que a via seja liberada e que o tráfego possa ser restabelecido, com total segurança e o mais rápido possível. A Arteris ressalta que possui um programa permanente de monitoramento de encostas e que o trecho em que aconteceu o deslizamento é acompanhado periodicamente, sendo parte de suas obrigações contratuais. Neste momento, qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento seria prematura, pois não contaria com o embasamento técnico necessário. O propósito da Arteris é garantir a melhor segurança viária para os usuários. Especificamente sobre a BR-376/PR, a concessionária investiu fortemente na rodovia. Entre os investimentos aplicados especificamente no trecho da Serra do Mar, destacam-se a construção de duas áreas de escape, a conclusão da instalação do sistema de iluminação em 30 kms das pistas Norte e Sul; e a implementação do sistema semafórico para alerta em caso de trânsito interrompido à frente, denominado de Pirilampo. A Arteris Litoral Sul reforça seu compromisso com a sociedade paranaense e seguirá trabalhando para a melhoria constante das condições de tráfego e segurança do trecho, tão importante para a logística do País." VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.