Peça-protesto: artistas da periferia sobem aos palcos do Festival de Curitiba; veja programação
Por Giuliano Saito
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Produções buscam dar voz aos constantemente silenciados e censurados. Da periferia para os holofotes do Festival de Curitiba Xulioh O Festival de Curitiba traz esta semana duas companhias compostas por artistas moradores de áreas marginalizadas: a Trupe Periferia, de Curitiba, e Companhia de Teatro de Heliópolis, de São Paulo. Ambas dão voz e carregam as histórias de quem vive à margem. As produções trazem para a cena questões econômicas e sociais de um universos particulares, mas que ao mesmo tempo retratam comunidades de todo o país. A história de resistência e luta é um ponto em comum de artistas que estão fora do circuito tradicional do teatro. Inseri-los na programação reflete a proposta da atual curadoria do festival de, por meio da arte, contribuir para a reconstrução da democracia brasileira; A peça "Real Curitiba" é o trabalho da Trupe Periferia e será exibida em apresentação única no sábado (8) na IV Curitiba Mostra, no Fringe. O espetáculo conta com jovens artistas dos bairros Tatuquara, CIC, Boqueirão, Fazendinha, Sítio Cercado, Uberaba, Pinheirinho e também de Araucária, município da Região Metropolitana. Por meio da poesia autoral, da dança e da música, o elenco retrata uma cidade não vista, revelando dados de violência e o descaso sofrido por quem é periférico. A peça-protesto traz arte urbana e cultura de rua para a encenação. Peça 'Real Curitiba' - a capital não vista Xulioh Leia também: Pais dão dicas para aproveitar o Festival de Curitiba com e sem as crianças Representatividade: protagonistas negros e trans são destaques do fim de semana no Festival de Curitiba; veja programação O coletivo de teatro marginal, Trupe Periferia, foi criado em 2019 a partir de ações de leitura e teatro desenvolvidas pelo arte-educador e gestor cultural, Kenni Rogers, nas comunidades e abrigos de acolhimento de Curitiba. Para o diretor, estar na programação do festival é um manifesto: “O teatro no Brasil é muito elitista, feito por pessoas brancas e consumido por uma classe econômica que tem mais acesso. Para estes jovens estar em cena é levar a periferia para o palco e também para a plateia, para dentro do teatro”. Roger afirma que “Real Curitiba" é a voz dos constantemente calados, dos que são escondidos, ocultados, censurados. O poeta, ator e cantor Elton Louis integrante do coletivo afirma que o grupo busca a revolução e define a peça como "um grito, um desespero, um sonho, uma esperança". Negros encarcerados O encarceramento em massa da população negra brasileira e a forma como a prisão dos homens da família impacta as mulheres ao redor são tema de "Cárcere Ou Porque as Mulheres Viram Búfalos". O ponto de partida é a história de duas irmãs gêmeas, Maria dos Prazeres e Maria das Dores, que vivem o encarceramento do pai, do companheiro de uma delas e do filho da outra. A encenação de Miguel Rocha tem mães, esposas, companheiras e irmãs no centro do enredo e expõe os desdobramentos desta realidade. “Partimos de histórias reais e revelamos, principalmente, a aflição das mulheres e suas estratégias de sobrevivência diante desta condição para prover a família e ajudar o próprio encarcerado. A mulher se torna a força e o sustentáculo da casa”, conta Miguel. Espetáculo 'Cárcere' Tiggaz Embora retrate a realidade de Heliópolis, a montagem, vencedora do Prêmio Shell 2023 de dramaturgia e música, na verdade retrato o Brasil periférico e dialoga com o mundo. “Discutir este tema é urgente, pois é difícil romper a barreira da pobreza e da falta de saúde e educação, fatores que geram a violência”, ressalta o diretor. Para o diretor, é muito importante para a trajetória do grupo estar no Festival de Curitiba. "Todo artista de teatro quer estar aqui. Depois de uma pandemia e de tanta dificuldade, é um momento para ser celebrado", diz. Serviço: Real Curitiba Quando: 08/4, às 20h Onde: Teatro Novelas Curitibanas – Claudete Pereira Jorge (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1222 –São Francisco Quanto: Pague Quanto Vale Classificação: Livre Duração: 60 minutos Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos Quando: 4 de abril, às 20h30 Onde: Teatro da Reitoria (XV de Novembro, 1299 - Centro) Quanto: R$ 40 e R$80 (inteira)/mais taxas administrativas Classificação: 12 anos Duração: 120 minutos Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h. Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.
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