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Mulher que impediu passagem de cadeirante negro em ônibus de Curitiba é indiciada por injúria racial

Por Giuliano Saito


Situação aconteceu no início de junho, dentro da linha Capão Raso/Santa Cândida. Ao ser questionada por passageiros sobre o porquê impedia passagem, mulher respondeu: 'Tô numa floresta agora?'. Cadeirante acusa passageira de ônibus de racismo após ela impedir passagem dele no veículo Uma mulher que impediu a passagem de um cadeirante negro em um ônibus do transporte coletivo de Curitiba foi indiciada por injúria racial. A informação foi confirmada pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (20). Conforme a polícia, o indiciamento aconteceu na última quinta-feira (15). A identidade dela não foi revelada. A situação aconteceu no início de junho, dentro da linha Capão Raso/Santa Cândida. Na ocasião, a mulher se recusou, por minutos, a dar espaço para que o estudante de direito Angelino Cassova, de 32 anos, se locomovesse com a própria cadeira de rodas dentro do ônibus. Questionada por passageiros sobre o porquê impedia a passagem, ela responde: "Tô numa floresta agora?”. A cena foi gravada por passageiros. Assista acima. O vídeo mostra Angelino questionando a mulher sobre o motivo dela não pedir licença para um jovem e sentar no lugar dele. Ela responde: "Porque eu não quero". Uma voz feminina questiona a mulher, diz pra ela "ter o mínimo de decência" e dar licença para Angelino. A suspeita responde para ela "ter educação" e em seguida pergunta se está em uma floresta. A pessoa que discutia com ela pergunta o que a mulher quis dizer com "uma floresta", mas a suspeita não responde. Na ocasião, o estudante registrou um Boletim de Ocorrência contra a mulher. Ele considera que o episódio foi uma situação de racismo e capacitismo. "Fiquei ouvindo dentro de mim: floresta, floresta, floresta. Buscando expressões codificadas que racistas usam para falar que alguém é macaco. Foi isso que ela quis dizer pra mim", desabafou. A injúria racial passou a ser considerada como modalidade do crime de racismo, com penas que variam entre dois e cinco anos de prisão. A mudança está em vigor desde a sanção da Lei 14.532, em 12 de janeiro deste ano. LEIA MAIS: Em 10 meses, Paraná registrou 7 vezes mais casos de injúria racial do que racismo; crimes foram equiparados 'Fiquei mal', relata vítima Mulher que impediu passagem de cadeirante negro em ônibus de Curitiba é indiciada por injúria racial Reprodução Segundo o estudante, o vídeo começou a ser gravado por uma passageira depois que ele já estava discutindo com a mulher. Angelino disse que queria passar para poder ficar em um lugar apropriado do ônibus e, posteriormente, desembarcar. "Eu falei que se eu ficar aqui [no corredor] o ônibus vai me jogar e posso me machucar. Ela disse 'se você quiser pode passar por cima de mim'. Disse que ela não tinha culpa que eu era daquele jeito", contou ao g1. No vídeo é possível ver a mulher parada no corredor do veículo, ao lado de um banco que estava ocupado. É possível ouvir, também, que outros passageiros tentam intervir na situação para que ela permitisse a passagem de Angelino. Depois de muita discussão, um passageiro sentado ao lado dela sai do banco, e ela senta. O estudante disse que não conhecia a mulher. "Quando estava quase no ponto pra eu descer, não dei sequência na conversa dela, eu estava super cansado [...] Fiquei mal", relembra. LEIA TAMBÉM: Homem preso por suspeita de injúria racial em jogo de vôlei no Paraná vira réu e deixa cadeia sem pagar fiança Polícia prende condenado por torturar e matar jovem em 2007 no Paraná 'Senti que tinha que fazer alguma coisa', diz homem que ficou cara a cara e conteve assassino em colégio de Cambé VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.