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Laudo conclui que presidente de torcida organizada morreu após ser pisoteado por cavalo da PM, diz polícia

Por Giuliano Saito


Mauro Machado Urbim tinha 41 anos e morreu em jogo entre Paraná Clube e Cascavel em Curitiba. Polícia Militar lamentou morte que classificou como 'fatalidade', sem culpados. Família considerada que há culpados. Presidente da torcida Fúria Independente, Mauro Machado Urbim Divulgação/Torcida Fúria Independente Um laudo apresentado pela Polícia Militar (PM) nesta quinta-feira (1º) concluiu que a morte do presidente da torcida organizada do Paraná Clube, Mauro Machado Urbim, foi causada pelo pisoteamento por um cavalo da corporação. O caso aconteceu durante um jogo entre o Paraná Clube e o FC Cascavel pela Série D do Brasileiro no fim do mês de julho, em Curitiba. Ele foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Trabalhador, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias depois. Familiares de Urbim e torcedores de ambos os times disseram que ele foi atingido pelo cavalo. Entretanto, a Polícia Militar havia questionado a versão de pisoteamento e afirmado que "não é comum" cavalo pisar em alguém e que "o animal tem medo e não faz isso", mas não descartou que a situação pudesse ter acontecido. Duas investigações sobre o caso foram abertas, uma pela Polícia Militar e outra pela Polícia Civil. O laudo divulgado nesta quinta-feira foi elaborado pela Polícia Científica do Paraná, e ambos os inquéritos concluíram que não houve culpados pela morte do torcedor paranista. De acordo com o tenente-coronel da PM, Angelotti, os policiais envolvidos não serão afastados. "Os policiais continuarão trabalhando normalmente, porque agiram dentro da técnica esperada numa situação em que o resultado não era o esperado, mas não foi apontada nenhuma irregularidade na conduta dos policiais", disse. O delegado Luiz Carlos Oliveira afirmou também que a morte do torcedor foi uma "fatalidade". "Houve uma somatória de efeitos negativos nesse caso que culminou, infelizmente, com a fatalidade da morte de Mauro", disse. Em nota, a família de Mauro disse que discorda da versão apresentada pela polícia de que a morte foi uma fatalidade. "O laudo revelou que a versão inicialmente apresentada pela Polícia Militar é falsa e que Mauro teve sua cabeça pisoteada pela cavalaria da PM/PR. Fatalidades não possuem três versões contraditórias", afirmaram por meio de nota. Versões diferentes A princípio, a PM informou que durante o intervalo do jogo houve uma tentativa de invasão do local reservado aos visitantes, por aproximadamente 80 torcedores da torcida organizada Fúria Independente e que por isso foi necessária a imediata intervenção do Regimento de Polícia Montada. Ainda conforme a polícia, após repelir a ação, os policiais constataram dois torcedores caídos e que um deles imediatamente levantou e o outro permaneceu desacordado. A versão foi contestada pela Fúria Independente e também pela torcida organizada La Furia Aurinegra, do Cascavel, que afirmaram não ter acontecido confusão entre os torcedores. Três dias depois, em entrevista coletiva, a PM questionou se a morte do presidente da torcida organizada do Paraná Clube teria sido causada, de fato, pelo pisoteamento por um cavalo da corporação. Na época, de acordo com o comandante-geral da PM, ao menos três versões foram passadas à polícia do que aconteceu no dia do caso. Agora, após o resultado do laudo, segundo o tenente-coronel Angelotti, Mauro saiu do estádio com um grupo de 30 torcedores do Paraná pra verificar a depredação de uma faixa do time. "A ideia deles seria entrar no estádio para verificar se essa faixa estaria sendo depredada ou não, só que essa faixa teria que entrar pela entrada da torcida visitante que é a torcida adversária. A polícia não pode permitir que uma torcida acesse a torcida adversária porque isso geraria um confronto", disse o coronel. Ainda segundo a PM, os torcedores não acataram a ordem de recuar, momento em que aconteceu a situação. "Primeiro foi verbalizado, pedido para eles retornassem e como não foi atendido, foi feito a linha e vai aos poucos levando os torcedores para a torcidas. Em algum momento, se desequilibrou, caiu e o cavalo deve ter pisado na face da pessoa", informou. Quem era Mauro Torcedor demonstrava amor pelo time constantemente nas redes sociais Reprodução/Facebook Mauro Machado Urbim, conhecido como Maurinho entre os membros da Torcida Fúria Independente (TFI), participava dos trabalhos da organizada há pelo menos duas décadas. O torcedor do Paraná Clube e presidente da Fúria tinha 41 anos e deixou um filho. O paranista participava como incentivador das atividades da Fúria desde meados de 1995, segundo o amigo Tiago Barbosa. O grupo foi fundado em 1993. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias do estado no g1 Paraná.