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Barreado: aprenda a preparar o prato típico do litoral do Paraná

Por Giuliano Saito


Receita é simples que tem origem no Brasil Império leva carne de segunda, condimentos, farinha de mandioca. Barreado servido em restaurante de Morretes que possui o Selo de Indicação de Origem Bruno Tadashi/Senac PR O barreado tem seu berço e reduto no único município litorâneo do Paraná que não possui praia – Morretes. Com origem na época do Brasil Império, o prato foi consolidado através do tempo como símbolo maior da identidade da gastronomia paranaense. A receita é simples: leva carne, condimentos, farinha de mandioca e a paciência para que tudo se desmanche na medida certa. Veja a receita mais abaixo. Receita de barreado Apesar de a receita ser simples, cuidados com o tempo de preparo e o tipo de carne devem ser observados para que ao barreado fique na textura adequada para ser apreciado. Confira a receita do Restaurante Casarão, que serve seis pessoas. Ingredientes: 2 kg carne de segunda (lombo, paleta, músculo) 2kg de cebola bem picada 100g de bacon picado 100g alho 100g de toucinho Uma colher de sobremesa rasa, de cominho puro moído Seis folhas de louro Farinha de mandioca Sal e pimenta do reino a gosto Barreado, prato típico do Paraná feito em panela vedada com farinha de mandioca Reprodução/Globo Rural Modo de fazer: Corte a carne em cubos de mais ou menos cinco centímetros. No fundo da panela de pressão, coloque a carne e todos os ingredientes por cima. Cubra todo o conteúdo com água. Acrescente mais água até cobrir um terço do que havia sobrado sem conteúdo na panela. Feche e coloque para cozinhar por três horas. O ponto certo da carne é quando ela está fibrosa e começa a se desmanchar quando é tocada com o garfo. É importante que a carne seja de segunda, pois esse tipo possui mais fibras e aguenta melhor o tempo de cozimento. Carnes como alcatra e mignon, por exemplo, se desmancham completamente, transformando-se apenas em caldo. Servindo: Para servir, deve-se colocar duas colheres da farinha para duas conchas de barreado fervendo em um prato fundo. É importante que a carne esteja muito quente para que ajude a cozinhar um pouco da farinha no momento da mistura. Como acompanhamento, a sugestão é banana. História A consolidação do barreado como prato típico se deu em três fases, como conta o proprietário do Restaurante Casarão, Maurício Scucato. O estabelecimento fica em uma edificação histórica de Morretes, tombada como patrimônio histórico do estado. Os primeiros portugueses que chegaram ao litoral do Paraná trouxeram o prato, que era muito utilizado na época dos chamados “mutirões”. Na linguagem indígena, essa mobilização era chamada “Pixirum”, que significa “fazer tudo em conjunto”. Em período de colheita, em construções de escolas ou igrejas, a população se reunia para que todos pudessem ajudar, inclusive as mulheres. Desta forma, o barreado era o prato mais fácil de ser feito, pois sendo preparado antes, só precisava ser esquentado e misturado com farinha na hora da refeição. O barreado era o prato mais simples de servir nos tempos de mutirões para colheita e construções de igreja e escolas Outra fase, na mesma época, foi a do “Entrudo”, como são chamadas as festividades de carnaval. Para que as mulheres também pudessem aproveitar os eventos, o barreado era utilizado como gastronomia típica. “Quando tinha Pixirum ou Entrudo, todo mundo sabia que tinha barreado”, conta Scucato. A terceira fase veio com a passagem dos tropeiros pela região. No período, Morretes era ponto de passagem para qualquer viajante que viesse de São Paulo, ou regiões acima, que fossem em direção a Curitiba, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul. “Eles faziam a última e melhor parada aqui. Comiam bastante barreado, que é uma comida forte e sustenta bastante, para fazer os caminhos coloniais até Curitiba para levar mercadorias”, diz Scucato. Atração turística O barreado passou a ser considerado como atração turística quando os chamados “filhos de Morretes” foram viver em Curitiba. A região tem forte presença de famílias italianas, cujas novas gerações passaram a visitar a cidade para manter a tradição e comer o barreado feito pelos avós. “Todo mundo ia à casa de alguém para comer o barreado”, conta o proprietário do Casarão. Foi com esta ideia que as famílias tradicionais passaram a abrir restaurantes, e o prato típico deixou de ser servido exclusivamente nas casas de Morretes. “Todos os restaurantes são de famílias daqui, que trouxeram as receitas dos avós”, afirma Scucato. Ele lembra que cada restaurante acrescenta um ingrediente diferente, que é o diferencial familiar.